quarta-feira, setembro 01, 2010

31 de Agosto.

A praia, a mítica praia de que eu tanto gosto porque dela tanto espero os sons e os ruídos dum tempo onde eu estive e que até nem foi bem assim, a praia, dizia eu, nem sempre nos faz melhores.

Ontem, por exemplo, começou a chuviscar aí pelas dezasseis. Acabei por me cansar e pegar no carro e zarpar. Na saída do parque de estacionamento os amigos da direita lá se iam esquecendo que os amigos da esquerda também estavam cansados e tristes por aquela chuva incerta que lhes tinha estragado a tarde. Não deixavam passar...

Ontem, por exemplo, voltei a reparar num casal e seus dois filhos que estavam estacionados na areia um pouco à minha frente. Já tínhamos coincidido no dia anterior. Então, só reparara nas cores berrantes, alegres, do paravento, a contrastar com a reprimenda agreste que a mãe administrava aos dois filhos, sabe-se lá porquê. Digo administrar numa tentativa de apaziguamento. É difícil administrar o tempo e a presença de duas crianças, ainda por cima de sexo e idades diferentes, numa praia.

Ontem, ao contrário do dia anterior, nunca vi o pai a brincar, por pouco que fosse, com as crianças. Estas, entre o aborrecimento e a manha de irmãos que se massacram e com o massacre se vão entretendo, mais uma bola e uns poucos jogos de areia, lá se iam aguentando. Fui à água – gélida – e voltei, depois de ter escolhido mais dois calhaus para uma colecção que eu tinha decidido começar exactamente no dia anterior.

Ao voltar eu vi. À porta da barraca, com uma cara de espantar, corpo em mola, vigiava o homem, um bicho à entrada de uma caverna. No mais fundo da barraca, estendida, enrodilhada, estava ela, despojo, sujeito ou objecto – não sei - prémio ou castigo – vá lá saber-se.

A loucura do quadro encheu-me um pouco a tarde, no mais preenchida apenas com um bom livro, difícil melhor companhia. Não percebi.
Tive muita pena dos miúdos.