31 de Agosto.
A praia, a mítica praia de que eu tanto gosto porque dela tanto espero os sons e os ruídos dum tempo onde eu estive e que até nem foi bem assim, a praia, dizia eu, nem sempre nos faz melhores.
Ontem, por exemplo, começou a chuviscar aí pelas dezasseis. Acabei por me cansar e pegar no carro e zarpar. Na saída do parque de estacionamento os amigos da direita lá se iam esquecendo que os amigos da esquerda também estavam cansados e tristes por aquela chuva incerta que lhes tinha estragado a tarde. Não deixavam passar...
Ontem, por exemplo, voltei a reparar num casal e seus dois filhos que estavam estacionados na areia um pouco à minha frente. Já tínhamos coincidido no dia anterior. Então, só reparara nas cores berrantes, alegres, do paravento, a contrastar com a reprimenda agreste que a mãe administrava aos dois filhos, sabe-se lá porquê. Digo administrar numa tentativa de apaziguamento. É difícil administrar o tempo e a presença de duas crianças, ainda por cima de sexo e idades diferentes, numa praia.
Ontem, ao contrário do dia anterior, nunca vi o pai a brincar, por pouco que fosse, com as crianças. Estas, entre o aborrecimento e a manha de irmãos que se massacram e com o massacre se vão entretendo, mais uma bola e uns poucos jogos de areia, lá se iam aguentando. Fui à água – gélida – e voltei, depois de ter escolhido mais dois calhaus para uma colecção que eu tinha decidido começar exactamente no dia anterior.
A loucura do quadro encheu-me um pouco a tarde, no mais preenchida apenas com um bom livro, difícil melhor companhia. Não percebi.
Tive muita pena dos miúdos.
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