sábado, maio 01, 2010

Caros Cidadãos

Passa da meia-noite, claro. Chegámos
ao lugar dos amigos anónimos, sozinhos
em ruas apinhadas de gente. Fazemos
todos parte da mesma estatística.

Há bairros inteiros que se esvaziam
na hora de a solidão sair à rua,
escudos humanos estabelecendo uma aliança
condigna, sem depender de ninguém.

Caros cidadãos, o tempo escasseia
e os erros são comuns hoje em dia.
Convencido da nossa inocência, custa-me a crer
que todo o mal que fizemos já tenha sido feito.




de Vitor Nogueira, in Bagagem de Mão, & etc. 2007.