terça-feira, março 21, 2006

VCI TSF 8h25m

De súbito acordo a ser fustigado por mais um daqueles poemas próprios para um dia mundial da poesia (hoje), lidos pela voz marcada do Fernando Alves, ainda por cima sobre portugal e etc., todo eu conduzo como quem protesta, marcha lenta, não ultrapasso ninguém, mas atento revejo-me em alguma que outra palavra Maior, um que outro cotovelo de Grande Construtor e espero: ah, Ruy Belo, felizmente, mais outro milagre deste país toda uma praia da Consolação, um resistente mais um a esta terrível hiperfama depois de morto, coitado, Grande Poesia, muito obrigado. Aqui vai:


"O portugal futuro é um país
aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz
esse peixe da infância que vem na enxurrada
e me parece que se chama sável
Mas desenhem elas o que desenharem
é essa a forma do meu país
e lhe chamem elas o que lhe chamarem
portugal será e lá serei feliz
Poderá ser pequeno como este
ter a oeste o mar e a espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raiz
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
e na avenida que houver à beira-mar
pode o tempo mudar será verão
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro
edificar sobre ele o portugal futuro"


Ruy Belo

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