terça-feira, maio 17, 2005

The Lady Vanishes


The Lady Vanishes é o penúltimo filme de Hitchcock feito no Reino Unido, mais exactamente em 1938. E é uma história divertidíssima, e com a sua moral, que se pode comprar ou não. Entramos no filme com um zoom arrojado e ao mesmo tempo naif, dada a tecnologia da época, que nos introduz no ambiente do filme, sempre meio a sério, meio a brincar. O zoom desce para uma estação de brincar por entre montanhas de faz-de-conta, até nos deixar no interior de uma estalagem de um país qualquer da Europa Central, chamado Vandreka. Aqui conhecemos uma jovem inglesa, Iris (Margareth Lockwood) que vai voltar a Londres de umas férias nesse país-ficção para casar com o seu noivo. Entusiasmo zero. Ficamos a conhecer também um par de ingleses preocupadíssimos por não ter notícias do que se passa no seu país, no que diz respeito ao críquete, e um músico original (Michael Redgrave) que funcionará como o par romântico. Ah, e uma velhinha simpática inglesa também, preceptora de... e que vai voltar a Inglaterra no mesmo comboio.
O filme vagueia divertidamente por entre pequenos nadas pela noite adentro na estalagem, até à manhã seguinte, até o comboio partir, e sem nós percebermos de que trata. E nisto lembra muito "The Trouble With Harry", de quinze anos depois. Depois percebemos que a velha professora seá o pivô da coisa, pois duas vezes alguém a tenta matar, numa das quais vezes Iris sofre uma pancada na cabeça. Já fomos também informados de que Vandreka é uma ditadura. O comboio parte e Iris senta-se em frente da velha inglesa que a ajudou depois da pancada. Os companheiros de cabine têm o aspecto que só podem ter num filme de Hitchcock: sinistros. Temos direito a mais dez minutos de filme no comboio, apresentação de mais personagens secundários, toma de chá na carruagem-restaurante (Harriman's, não esqueçam...) e depois finalmente, Iris adormece... e quando acorda a velhinha inglesa desapareceu. Levou meia-hora o filme a dispor todos os seus elementos, como um guardanapo de papel cortado cuidadosamente à tesoura, e que só no fim se abre e se percebe. E não só a velha desapareceu como todos os personagens do comboio sem excepção dizem que nunca a viram, e que Iris sempre estivera sózinha ! Há inclusivamente um Dr. Harz, neurocirurgião (Paul Lukas), que pretende explicar tudo como se de um quadro alucinatório pós-TCE se tratasse...
Mais não digo. Prestem especial atenção a tudo, e também aos amigos do críquete, que dão pelos nomes de Caldicott e Charters (Dupond & Dupont...).
Diálogos sublimes, detalhes às dúzias para o encanto dos aficionados, mensagem anti-pacifista própria para os tempos de então - 1938 - e sempre um tom de comédia, de inverosimilhança, de cá estamos nós a divertir-mo-nos todos, que torna esta obra-prima ao mesmo tempo leve e eficaz ! Um dos melhores filmes ingleses, pois então, de sempre.
 Posted by Hello

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