Mullet, Totem, Van Morrison e uma tapa de caldo.

O passado dia 27 foi dia - ou melhor noite - de FestiBlas, 2ª ed.

Organização do meu amigo Hector, em Lugo. Cheguei em cima da hora mas ainda consegui assistir ao fim do soundcheck. Grupos Mullet e Holywater. Percebi imediatamente que a coisa ia ser a) engraçada b) barulhenta. Um jantar leve com a organização e os grupos e voltamos ao club de nome "Clavicémbalo", ou "Clavi" para os amigos. A foto de Tete Montoliu na parede é porque ele efectivamente tocou ali.

Os Mullet? Três jovens imersos em música de há trinta - repito, trinta anos mas com a discografia completa dos Yo La Tengo bebida e a suspirar pela cena alternativa de Nova Iorque, começam a disparar temas de dois minutos um atrás do outro. Percussão, guitarras e sintetizador. Rodam na instrumentação, nas vocalizações. Terão trinta anos mas parecem crianças, juro. O tema mais giro chama-se "El Dilema de Margarita" e o seu refrão é "Sémen y caca". Intervalo, bebidas e fumos, depois os Holywater. Claro que são melhores, mais profissionais, y toda la pesca, mas estaria já bebido, mais cá para trás na pista, enfim, alguém que não recordo bem a falar-me de uma Margarida mas que não tem dilemas... Os Holywater terminaram às três, cheguei ao hotel às cinco. Hector, explica-me: a casa cheia foi por ti? Disseram-me que sim e eu acredito!

Na manhã seguinte o problema era o sol, o sol... o sol! Fomos de águas, e como em Lugo onde pedes de beber oferecem-te algo de comer, uma tapa de lacón, outra de caldo. Fomos à "Totem", uma simpática e completa loja de comics onde comprei o 1º volume da compilação do "Swamp Thing" do Alan Moore ao som de Van Morrison e um manga japonês extremamente obsceno intitulado... "DDT"! e que já foi para a caixa recicladora.

Uma despedida rápida mas não emocionada porque agora o caminho está aprendido. Os quilómetros, quatrocentos serão, fizeram-se por etapas - comi, dormi, lanchei, fui conhecer o OutleTui, comprei underwear na Cortefiel de Vila do Conde - assim dito - underwear - fica mais fino.

Mas por anos que viva não me esquecerei da vocalista dos Mullet, a Bragochas, a passar-me a tortilha, da noite passada no Clavi, do Van Morrison no dia a seguir. Nem de como as nuvens que me acompanharam na descida de Lugo me pareceram brilhantes e certas e, de alguma forma, eternas.