Gettin' Old By The Hour...
Respondo aqui a uma (não) questão que me foi colocada num destes dias ao almoço.
Não é raro que se afirme - quando já não novo mas ainda não demasiado velho - o desejo de não envelhecer dependente, o corpo alterado e perdido, a imagem própria irremediavelmente estragada, a vida um peso, um fardo, um pesadelo. Às vezes, mas nem sempre, aqui alguém faz a ressalva devida a como vamos estando da cabecinha, cognitivamente.
Ora acontece que quem promete mundos e fundos de "eu não quero, atirem-me da ponte abaixo...", logo ali quando está imerso no poço do fim da linha, fraldário tomado e dezenas de medicações ao lado para... nada, esse mesmo acaba por se agarrar ao mais ténue fio de vida, fina linha de atar, e não desata, e não despega.
Bom, aproveitando o ensejo e antes que o saber me escorregue e se perca, digo aqui bem alto que para isto a solução não tenho nem sei, posto que tudo aponta que a essa encruzilhada hei-de chegar, peso pesado dos anos a afirmar-se em cima de uma qualquer dessas doenças que, dizem, debilita. Não sei mas buscarei saber.
Eu acho que tudo passará pelo olhar, é uma hipótese que a mim mesmo me coloco. Quando em meus olhos não mais esteja a pedra que chispa e, feita chama, funde um que outro momento, que me seja permitido declará-los encerrados, fechados, e depois aconteça o enterro dos mesmos olhos, mais corpo anexo, das ideias que valem então já há muito abandonado. Espero que se o gesto de encerrar me seja, pelo débil que esteja, impossível, a amizade de alguém permita uma ajudinha.
Porque onde não há calor não há vida que valha a pena ser vivida.
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