20ª cefaleia.
Ultimamente a minha cadela Cefaleia decidiu tomar conta de mim. Só lhe posso agradecer. Diariamente pega na coleira e deposita-a a meus pés para que a passeie – duas vezes ao dia. Começou a rejeitar determinada comida pois sabe que alguma dela me exige um passeio mais prolongado até um Pingo Doce mais afastado. E não me deixa ficar parado no sofá mais do que vinte, trinta minutos. Não era assim antes. O sofá era o meu posto de vigia durante horas. Fechava os olhos e percorria ruas e caminhos, abria e fechava portas, subia e descia escadas, atirava-me de varandas, e tu e eu sabemos o que sempre acontecia no fim. Cefaleia dormitava durante estas minhas viagens interiores. Agora não. Cansou-se. Ladra-me hoje mais num dia do que antes num mês. Mas ainda não estou a salvo. Ainda não estou safo.
Falta-me desaprender.
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