Max Aub, Crimes Exemplares (1957)
"Ela falava, falava, falava. Falava pelos cotovelos. Eu sou a dona da casa. E essa empregada gorda só sabia era falar, falar, falar. Onde quer que eu estivesse, lá estava ela, chegava e começava a falar. De tudo e de nada, disto e daquilo, para ela tanto fazia. Despedi-la por causa disso? Teria que lhe dar três meses de indemnização. Ainda por cima, seria bem capaz de me rogar uma praga.
Até na casa de banho: e para aqui e para acolá, e frito e cozido. Espetei-lhe o garfo na boca para que se calasse. Não morreu por causa disso, mas por já não poder falar: as palavras explodiram no interior."
ed. Antígona, 3ª ed, 2001
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