quarta-feira, agosto 24, 2005

Udinese 3 - Sporting 2

Bom, já chega. Hoje ainda falava ao almoço sobre a diferença entre ter sentido de humor e ser engraçado. Sentido de humor eu tenho, mas não acho a situação do Sporting engraçada. E daí que Peseiro tenha que arcar com parte das culpas nesta eliminação do Sporting com a Udinese.
Gostei quando foi dito que o Sporting era uma equipa claramente superior à Udinese, mesmo após o pequeno precalço do 0-1 em Alvalade: a Udinese era uma espécie de Moreirense italiano...
Mas não. Hoje viu-se bem qual era a melhor equipa. E percebeu-se que este ano possivelmente vai correr pior do que o ano passado. E a culpa será toda do senhor Peseiro, ou quase. Este foi um jogo onde entrou uma equipa medrosa, lenta, sem ideias claras.Como diz n"A Bola", que deu meia hora (e 2 golos) de avanço ao adversário. Mas que, ao contrário do ano passado, depois não teve pernas para recuperar espectacularmente. E marcou quem corre: Douala e Pinilla (entra a 10' do fim ?!?!?) Sim, a Udinese, também é melhor que o Belenenses.

No ano passado, ano de experiências, andou uns tempos Peseiro a decidir do meio campo e da defesa, porque o ataque já sabíamos, era o Liedson. Que bons jogadores ficaram do ano que passou ? De trás para a frente, um bom defesa direito, com bom pontapé e excelência técnica, embora um pouco lento: Rogério; um excelente defesa central Enakahryre, tipo Jorge Andrade (mediano a atacar) vendido; uma revelação a meio-campo João Moutinho e uma confirmação Custódio, uma recuperação às vezes interessante, Sá Pinto; e à frente um extremo (nem sempre) muito útil Douala, e para o fim do campeonato a força de Pinilla.
Problemas por resolver? Vários.
Primeiro, defender e reforçar a defesa, comprando e não vendendo, dispensando obrigatoriamente o fantasma Hugo. Segundo, definir uma lógica de meio campo com uma alternativa para trinco, e uma opção para nº 10. Terceiro, cobrir a saída de Liedson – que acontecerá daqui a um ano e a sua instabilidade (amarelos, jogos-chave) optimizando a frente de ataque.
Ricardo não era nem é um problema, pois enquanto fôr titular na selecção, “não poderá” o Sporting colocá-lo a suplente. Precisa de melhor defesa à sua frente. Barbosa e Rui Jorge não eram problemas, Barbosa acabou, e o Rui Jorge idem. A forma pode não ter sido a correcta mas o conteúdo adivinhava-se. A saída do Hugo Viana adiante será referida.
Portanto, aproveitando a vantagem da continuidade, e assumindo a identidade de estratégias SAD-Peseiro, vejamos como os problemas identificados foram resolvidos:
1- Defesa: vendeu-se o melhor defesa da equipa, e dispensou-se o Hugo. Promoveu-se o Semedo (sub-21) à 1ª equipa e foi-se buscar o Tonel ao Marítimo, uma espécie de Pepe 2. O Nunes era muito caro ? Isto é estamos Beto-Polga dependentes. Para as laterais Rogério é à direita indiscutível, mas não deixa de ser um lento. À esquerda uma boa compra: Edson, um excelente pé. Diz-se que defende pior do que ataca. Paíto é pior ainda, Tello volta a não fazer nada bem.
2- Meio-campo. Decidido está que o trinco é o Custódio. E viu-se hoje que a camisola verde-e-branca queima o corpo do Luis Loureiro, claramente opção B. Para a frente, a equipa não tem por ex. um 10 definido, e o carrocel Moutinho-Roca-Sá Pinto demora a dar frutos: o carrocel existe mas é lentíssimo, como se tivesse esquecido a lição; Moutinho é novo e não pode fazer tudo, Sá Pinto está velho e está, Roca não é um génio.Por outro lado, cedo terão que de vez em quando ir lá para trás (lesão ou castigo de Custódio, inabilidade de Loureiro), donde ainda maior indefinição. A lógica do carrocel obriga a grandes jogadores, com óptimo toque de bola e rápido. O Barbosa óptimo (mas lentito) foi-se fica só o Moutinho. O João Alves era muito caro ? O Hugo Viana foi-se também, o Carlos Martins é para quando ? Extremo a equipa só tem um, Douala. Continua e continuará a não durar 90’, mas a espaços será a centelha final no carrocel. Fundamental não vender.
3- Dianteira. Bom, fica o Liedson, que lá voltará a resolver, um desses dias. Por agora está num desses hiatos tão seus... Atrás ora Sá Pinto mais longe, ora Deivid mais perto. Deivid, que foi a grande compra do defeso. Sporting que era a equipa que mais golos marcava, foi comprar um avançado. Pinilla, de 2ª opção passou a terceira (terá sido pelo mau fim-de-época). Deivid é melhor (ou diferente) de Mota ? Será bom para o ano que vem, por agora é um desperdício de espaço, pois nesta equipa não parece haver muito (espaço) para ele, e o domínio de meio-campo que nascia do 4-5-1 não se repete em 4-4-2, com Douala num extremo. Niculae porque foi embora ? Foi para mim a saída mais triste, mais que as outras mais faladas. Antes da dupla João Pinto-Jardel, o campeonato do sr. Boloni fôra o da dupla João Pinto-Niculae, tendo sido aliás a lesão deste a ir buscar o brasileiro. Silva finalmente volta a opção 4 (ou 5, vs Varela...), embora de todos seja o que tem a lição de 2º avançado melhor estudada, e tenha bom toque de bola para estar acima do famoso “carrocel”... Outra coisa teria sido abrir o jogo e comprar o Wender, o ano que passou melhor extremo que Douala, mais constante, e mais barato que o Deivid, não ? Pior negócio ? Quanto dinheiro ganharam com o Mota ?
Portanto, parece que estamos a preparar o 2006-2007. Ou então...
Emergências para reabertura de mercado: um central, um 10, eventualmente um extremo. Não vender o Douala. Reorientar o ataque para as opções Pinilla/Silva. E que o Scolari ponha o Ricardo a suplente: aí o Ricardo passará sim a ser um problema... resolúvel !
PS: não me pronunciei sobre os novíssimos (Semedo, Varela, Nani) porque não os conheço. Porém lembro que nunca os muito novos deram campeonatos ao Sporting, chamassem-se eles Paulo Futre, Litos (lembram-se deste ?) ou Luis Figo.

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