sexta-feira, março 29, 2013

Ultimas reflexões para o papa Francisco, depuradas, corrigidas.


A olhar para o mar, para além do mar.

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A mocidade é apenas o instrumento.

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Uma garrafa e não dormi.

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Vou pôr este terraço em jogo.

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Uma dilúvio quarenta anos é p'ra molhar tolos todos os dias...

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A pedra polida deixa de ser pedra?

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Eu sei que aquela margem tem inveja de nós.

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O casario é composto por mulheres e pouco mais.

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Porque subir aos céus quando um chega?

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Da Europa só vai restar o euromilhões.

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Esse corpo, pensando bem, é um anacronismo.

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Nunca houve casamentos que durassem mais do que a ocupação de Ormuz pelos portugueses.

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De entre as árvores tu preferes todas.

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Este actor come, bebe; hesita.

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Existem mundos para onde se entra por um postigo.

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O crude a história acontecida, o tempo que passou o petroleiro que transporta.

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A mesa no terraço parece um livro aberto, e as palavras musgo.

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O tijolo composto por uma só ideia aquecia a noite.

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Ele ardia por amor sessenta horas seguidas e garantidas dizia no papel, apagou-se ontem à tarde, como foi possível?

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A má fama do sexo é um erro; também chamar a uma cola de universal.

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Pólen pólvora polenta ratatouille... e eu.

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Como estamos de liberdade?




quarta-feira, março 27, 2013

O caminho para a felicidade.

Descia, sim, descia, mas não era por ali o caminho para a felicidade.

Óscar Lopes (1917-2013)

É mesmo assim, Portugal está quase a ficar sem génios, lá foi mais um... O professor Óscar Lopes não foi apenas o autor (em conjunto com António José Saraiva) da História da Literatura Portuguesa. Mas que fosse apenas isso e o seu lugar definitivo no panteão das letras já estaria assegurado.

Há uns dez, quinze anos, estava eu a fazer uma triagem homens com o  Luis e apareceu lá o professor Óscar Lopes. Pequenino, trazido numa cadeira de rodas por comodidade, vinha à triagem resolver uma pequena contrariedade médica depois de ter sido observado numa subespecialidade qualquer, Oftalmologia ou ORL. Eu e o Luis ficámos quase em midríase fixa ao encontrarmos à nossa frente tamanho monstro das letras. E quase andámos à bulha para decidir quem o via, quem tinha o prazer de falar com ele. Mais lesto e menos complicativo, o Luis (Pais) deu-lhe alta e riu-se depois na minha cara, eu não lhe levei a mal, havia medicação antiga que pingava sobre o professor Óscar Lopes e que estava a fazer-me espécie, suponho que o Luis o quis defender de mim, morreu o professor no início da semana aos 96 anos, o Luis teria razão, ainda bem que não pude mexer.
O Professor Óscar Lopes? Sim conheci-o pessoalmente...

Sessão Quádrupla.

Sim, nestas "férias" aconteceu uma maratona fílmica - quase sem intervalo vi os seguintes filmes: "What Women Want", de Nancy Meyers, "HellBoy - 2", de Guillermo del Toro, "Kill Bill - Vol. One", de Quentin Tarantino, e o mais recente "The Paperboy", de Lee Daniels. Vamos conversar um pouco, filme a filme.

1. What Women Want (2000).

Nancy Meyers é mais conhecida como argumentista ("O Pai da Noiva"), mas neste filme também realiza, e trata-se do filme que precede o rotundo êxito "Something's Got To Give", com Jack Nicholson e Diane Keaton. Aqui temos Mel Gibson e Helen Hunt e a história é isto: Mel é um publicista desbocado e machista que é ultrapassado no emprego por uma recém-chegada Helen Hunt. Mel sofre um curto-circuito em circunstâncias hilariantes e fica a... ouvir o que as mulheres pensam. Sim, é mesmo isto! Esta bênção provoca êxitos, desgraças e confusões várias, e o filme tem, a espaços, muita graça. Mel Gibson é engraçadíssimo a tentar fazer-nos acreditar que aquele papel cai bem nele, mas nós nunca acreditamos. Helen Hunt tem o melhor entornar de olhos do planeta, um entornar que devia pagar imposto. A coisa dos curto-circuitos é muito anos oitenta (John Carpenter em Jack Burton... e o primeiro argumento de Meyers é de 1980), os diálogos são às vezes muito bons, senão fosse Mel o filme resultava mesmo... Falha o filme porque a piada de Mel Gibson e a dop filme raramente se encontram sem ser em conflito, mas ficam algumas coisas como Mel a depilar as pernas com cera, Helen Hunt com os pés ao alto a trautear uma canção, os deditos a bailar e a inversão de papéis final em que Mel é salvo por uma cavaleira andante, ou não fosse a realizadora e argumentista... uma mulher!


2. Hellboy 2: The Golden Army (2008)

HellBoy é a derivação cinematográfica de um comic da Dark Horse criado por Mike Mignolla. Esclareça-se, o rapaz é mesmo filho de Satanás e por isso é muito forte, tem mau feitio, é vermelhusco, e tem os cornos tipo embolados como nas touradas em Portugal. Trabalha para o governo dos EUA conjuntamente com a namorada, uma rapariga que literalmente... arde! Há também por ali uma espécie de homem-peixe muito inteligente, um ectoplásmico esquizotímico que vive num escafandro, enfim... No princípio era o verbo noutras paragens, mas aqui no princípio era a guerra entre os humanos e os trolls, elfos e outros. Declarada a eterna trégua, alguém - um principe tipo "madeireiro", um elfo - que não se conforma. O Hell Boy 2 tem como mais valia uma boa acção, um sentido de humor sem espinhas e optimos efeitos especiais com muita mitologia bem desembrulhada. Vê-se bem e termina OK. Guillermo del Toro nasceu em 1964 (o que é sempre bom...) em Jalisco, México e é muito bom a fazer destas coisas.


 
3. Kill Bill, vOL. 1 - (2003)

Tarantino é o novo Deus, ou era, quando este filme saiu, 6 anos depois de "Jackie Brown". E pela primeira vez foi criticado. Kill Bill é Hong Kong by Tarantino, sem mais. Tem inclusivé uma secção de anime estilizado lá pelo meio. Uma Thurman é Black Mamba, a mulher que, grávida e no seu casamento, é quase morta pelos seus parceiros. A vingança vai ser servida. E o estilo é supino. O filme é uma transfusão de litros de sangue derramado. Não há um mau plano. Não há um passo mal dado, uma fala mal metida. E todas as mortes são justificadas. Kill Bill é Hong Kong by Tarantino. Queriam outra coisa? Enganaram-se na sala. E acabado este, vá de pensar: "vamos ver o 2?". "Jackie Brown" tinha preparado os seguidores de Tarantino para filmes mais "sérios". "Seguidores" mas não "conhecedores"...

 

4. The Paper Boy (2012)

 
Este filme foi a rejeição de 2012. E porquê? Lee Daniels ganhara notoriedade com "Precious". Antigo membro da entourage de Prince e produtor do filme "Monster's Ball" que deu em 91 um óscar a Halle Berry, começou em 2005 a dirigir os seus projectos. Depois de "Precious", multipremiado, o que correu mal?
"The Paper Boy" é apenas mais um filme sobre o Sul Americano: south, sweat, sex... O casting é no mínimo estranho. Uma louca, louca Nicole Kidman corresponde-se com uma centena de presos no sentido de os consolar e estimular (...) os seus sonhos. Zac Efron, estrela Disney, é o Paper Boy, o irmão mais novo dum perdido Matthew McConaughey, jornalista que vai investigar um velho assassinato de um xerife - a paixão por correspondência de Nicole Kidman terá sido julgado culpado erradamente... A empregada negra do costume é uma fantástica Macy Gray - olá Macy...
De que é que os críticos não gostaram? De quase tudo. O filme salta, pula e rebola inquieto - a câmara mexe muito e muito, foca e desfoca - sobre umas cores saturadas, laranjas, amarelos, vermelhos - the sweat, the heat... Pode tanto nervo cansar um pouco, e cansa. Quanto ao sexo Nicole faz e faz o serviço (embora não com má intenção) e o silêncio de Zac Efron dá o resto. John Cusack, o preso, é solto e afinal que o soltem não corre bem. A vida também não corre bem a McConaughey e o destino de Nicole Kidman "afoga-se" nos pântanos da Florida. Bad guys can write nice letters but stay bad guys... Que a Nicole urine em cima do Zac é apenas um fait divers e não tem nada a ver com fetichismo (a não ser o nosso). O filme não é tão mau quanto isso, embora não saiba 100% bem como acabar. O coming of age de Zac Efron está bem feito, Kidman é uma figura trágica razoavelmente bem esboçada. O filme até desce o tom para o fim. Não me senti violentado. Nem todos os filmes que falham não merecem ser vistos.
Nicole Kidman tornou-se primeiro conhecida em "Dead Calm" em 89, em 99 dizia com Kubrick "let's fuck!", só estranho que lhe tenha levado treze anos (e a maldade de John Cusack) a decidir pôr o imperativo à prática sob todas as formas e feitios...

 

domingo, março 17, 2013

Para o papa Francisco mais algumas reflexões, corrigidas e depuradas.


Terá coração o melhor azul?

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Os olhos arame farpado.

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Haverá ainda dois Vietnames? Sim, como há duas Itálias, duas Espanhas...

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Gosto da arqueologia de alguma gente.

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Acaba-se a sangria, as palavras...

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Nem alto nem dissonante.

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De todas lembro mais nitidamente a barriga de umas pernas.

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Antes que qualquer coisa aconteça é importante dar-lhe um nome bonito (Taj Mahal, por ex.).

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O rapaz misterioso tinha um intestino explosivo.

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Nos animais não é assim que acontece, só os humanos pisam.

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Ela era muito mais do que a pleura (duas) embora, vagabundeava por entre sapatos e peplums - onde estão os meus compensados, perguntava, quando é que este preço vai ficar mais simpático para mim (a um tempo rebelde e extremamente dependente) - mas da pleura nem um som, calado também o pericárdio, nada a fazer, portanto, nada a fazer...

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Lançar ferro pode afundar um barco, está descrito.

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A dinâmica de grupo é um mito, o que não pára é de acontecer coincidências sobre coincidências...

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Será a passagem demasiado estreita?

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A TDT é como uns lábios ao frio, não pára de ter cortes.

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Há momentos em que é uma utopia ficar sentado.

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Dedos que apontam, declaram, concebem, mas nunca recebem.

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Cambalhota e é manhã.

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Caixa de mudanças, caixa de ferramentas.

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Com uma canelada procurou entender onde o arame o que a sustentava para qualificar como uma sempreviva.

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A subluxação desse pulso direito explica-se porque ele queria levantar voo.

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Este silêncio é dos que se espalha mas tarda em subir.

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O incêndio da tarde é o sono que crepita, portanto...

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Se dizes ser impublicável como estou eu a lê-lo?

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A transumância dos anos é difícil de fazer.

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Naquela linha de comboio ninguém conseguia matar-se, verdade seja que sucediam-se as greves e...

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A morena convicta também o era porque fôra condenada.

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O que é a população da China comparada com uma só praia?

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O vento repõe a areia em oração (sufi).

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O que eu penso sobre a melancolia?

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Esta narração já vai longa e como nada acontece as críticas serão boas...

Para o papa Francisco algumas reflexões, corrigidas e depuradas.


Algumas palavras são como roupa interior.

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Repito, roupa interior.

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A descrição compreensiva é um trabalho duro.

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E pela uma da manhã aconteceu um simulacro de incêndio.

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O holoceno foi muito antes de começar eu a esperar tanto e tanta coisa.

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Quando cantam eu tiro apontamentos.

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O teu discurso está a leste de qualquer polígrafo.

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Nomes, fios, cordas, ganchos, rede e pano de um veleiro aquecidos no micro-ondas, vá, não tropeces no namedropping.

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Porque colas e colas e colas não quer dizer que fique bonito.

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Eu só queria um pouco de cinema e tu deste-me uma televisão, embora fosse das melhores.

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Dos corpos que desconheço tenho especial simpatia por esse.

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O fim da história já deixou de se adivinhar: é só fazer as contas.

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É favor não pisar a minha (onde pasto) relva.

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Paro de remar e fico escondido debaixo da ponte mas ninguém passa.

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Suruma! - cantava o homem indelicado.

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O cair da manhã.

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E era o sol como uma chapada na cara.

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A palavra adormece encostada ao silêncio.

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Com nada operar maravilhas e em bloco.

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Ao falar num barco vazio estamos todos de acordo.

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A questão não é quanto ganho mas a quem.

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Não deixa de haver em tudo isto uma questão occipital.

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Que me pisques o olho não faz de ti um mecenas.

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A perna extra.

Douro.

Em repouso o que distingue.

À espera de um café e meio pão aquecido com manteiga.

Art brut.

quinta-feira, março 14, 2013

Armando Urger Pereira Castro

Morreu o meu amigo Armando Urger Pereira Castro. Cansado de uma luta desigual resolveu antecipar-se e morrer hoje ao início da tarde, pouco antes da hora que eu tinha apontado como aquela em que provavelmente eu o iria ver vivo pela última vez. O meu amigo era um maroto e assim foi até na hora de se ir embora. Ironia fina, fino brincar. Humilde como poucos, inteiro como nenhum. Deu-me a honra de ser seu médico uma dúzia de anos, ou mais. Pertencia à meia dúzia de pessoas a quem eu poderia pedir conselho sobre tudo, a resposta nunca seria de deitar fora. Hoje ao início da tarde disse (pensou): "chega!". Uma vez mais, meu amigo, tinha razão.

quarta-feira, março 13, 2013

De Quinze a Vinte e Oito do Dois - Um.

Outra vez?

Meio arco.

Lá chegaremos.

Uma ilegal em Gaia.

Vista de um castelo.

sábado, março 09, 2013

Agora E Na Hora Da Nossa Morte (2012)

Busquem, leiam alguma coisa sobre este pequeno e precioso livro, escrito sobre os cuidados paliativos no planalto mirandês por Susana Moreira Marques. E depois leiam o livro. Ou podem começar já.
 
"E de noite, nos sonhos, os velhos são jovens, os doentes, saudáveis; na nossa cabeça somos simplesmente nós, e nos nossos sonhos, o melhor de nós."
 
 
Ed. Tinta da China.

Já não podemos ser Egoístas...

A revista Egoísta foi suspensa. O que mostra que a aliança entre o dinheiro e as artes pode ser proveitosa mas é sempre temporária. Porque gostei muito de frequentar esta publicação, um gosto para a vista sempre e para o intelecto muitas vezes, faço minhas as palavras de Agustina que aparecem no afinal último número, o de Dezembro, dedicado aos Artistas:
 
"A gratidão é o que há de menos efémero na nossa vida. Por ela, somos provavelmente menos livres, mas também menos sós. Isto é bom."

O Porto é um rio.


O Porto é um rio que fica para lá de Castro Laboreiro. À saída desta desfigurada vila guiou-me a curiosidade em direcção ao planalto, tenho uma mania com os planaltos, parecem-me a simulação terrena de um estado de paz ou de felicidade, não sei, tão acima e tão direitos, calmos, o não conterem habitualmente muita gente também pode ajudar… A estrada encontrou o planalto era o fim da tarde, era a hora da recolha dos animais, atravessei uma aldeia, nem bonita nem feia, em que as ruas eram estrume, as portas dos currais uniformemente abertas em lista de espera, passámos e a aldeia espreitava-nos, nem agressiva nem receosa, as gentes como nativos de um outro continente surpreendidos com a nossa visita. Ao fundo uma casa alta de tijolo mal rebocado dirigiu-nos para a esquerda e saímos da aldeia, uns metros e chegámos à ponte celta ou medieval referenciada e que salvava o rio Porto. Rio cujas águas adolescentes, geladas e corridas, galgavam talhas e arbustos. A estrada continuava como caminho, ali perto outro país e talvez a mesma ou uma outra vida. Talvez outro rio, o fim do planalto, de um parêntesis, um planalto é um intervalo. Desci até ao rio Porto (ou Portos, já não me lembro bem), rio onde gerações de roupa foram lavadas para servirem mais um dia, era isso que eu só pedia, mais um dia de paz, mais um intervalo. Procurei lavar o que me veste e defende: pés, mãos, olhos, o pescoço recuado - e o mediastino, a gaveta alta e estreita onde guardamos o coração. Nada feito. Sempre eu ao volante, voltámos para trás, eu sabia que voltaria a passar por aquelas ruas cheias de estrume, por aqueles olhos apenas curiosos, os das gentes, os dos animais.

Não sei porque te conto isto.

segunda-feira, março 04, 2013

1 a 14 de Fevereiro, segunda parte.

Ainda a trabalhar?

Odd VCI.

China? Porto.

Inflorescência de bancos altos e mesas.

Ana Hatherly - cinco tisanas


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Os românticos diziam que a morte é o desaparecimento do outro porque na verdade como é que eu posso conhecer o desaparecimento de mim. Penso nisto e pego no telefone. Penso em ti. O que é que não se tornou um lugar-comum.



161

A mulher é logo em criança educada para a prolongada tarefa de alimentação do homem.Adulta diz o resto da vida com ternura de ferro: come meu esposo come meu filho (Quando a minha filha era pequena eu dava-lhe de comer à colher. Como ela detestava sopa cuspia-a sobre a minha cara. A sopa acabava escorrendo pelo meu vestido. Mas um dia passei a dar-lhe de comer de gabardina).



188

O anticaminho. Antes de jantar a conversa é por grupos. A meu lado o dono da casa fala-me de poesia chinesa. Depois fala do I-Ching. Pratica? pergunta-me. Não, respondo. Tenho o livro mas nunca me dediquei. Mais tarde quando ia já a sair ele diz-me quase ao ouvido: nada é real, sabe, nada é real.



221

Estou diante da TV. Penso em ti. Vejo a minha rival absoluta - uma mulher vulgar, de pernas curtas, busto chato. Num close-up vejo-lhe os olhos, o cabelo preto curto. Compreendo que a minha imagem pode ser completamente obliterada por uma mulher como esta, porque aquilo que eu tenho e sou até em excesso não conta absolutamente nada para ti. Porque na verdade não se ama nunca, só se deseja.



317

Estou no meu quarto. Deitada na minha camaA luz está acesa. Oiço música. Penso em ti mas não é em ti. É um tu abstracto porque a tua ausência é uma lesão incurável que se imaterializa com o tempo. Por fim adormeço. Quando acordo de manhã sinto-me feliz por ter conseguido dormir.






                                     in "463 tisanas", ed. Quimera, 2006