terça-feira, outubro 23, 2012

Setembro.

Late night.

Adeus.

Albernoa 1.

Albernoa 2.

segunda-feira, outubro 22, 2012

Dias tão cheios!, uma homenagem ao Calvin & Hobbes com a ajuda do padre José Nuno.

Falo da quinta e da sexta-feira passadas, falo desses dias! A noite de quarta para quinta tinha sido um pouco amiga. Saí para resolver uma inundação quinta de manhã, voltei para presenciar outra inundação. Era a apresentação pública do seu livro, José Nuno. Falemos das coisas importantes, porque o resto, água embora muita, não conta. Importante foi reencontrar o prof Walter Osswald. Importante foi que o prof Filipe Almeida não tivesse rasgado o seu discurso. Que em resposta o Zé Nuno o tenha tratado por tu. Que tenha clamado pelas enfermeiras/os, dizendo o quão mais perto estão da morte de todos estes nossos doentes. E finalmente percebi porque continua "aqui". E, depois, houve um perfume de Daniel Faria. Possivelmente nem o José Nuno sabe (eu acho que sabe) quanto a morte funesta do poeta Daniel Faria no nosso Hospital o terá motivado para as suas actuais andanças, novas andanças já quase velhas como o Demónio da Morte o é. Perdoará a glosa de Jorge de Sena mas não consegui resistir, e assim até remeto para alguma discordância. A palavra "lugar" era uma palavra do Daniel Faria, não era? "Os homens que são como lugares mal situados." Até ao morrer.

Dias importantes na minha vida houve duas dúzias. Tenho sorte. Num deles deu-me livros do Daniel Faria. Mas passaram anos. Olhe, parabéns. Não comprei mas vou comprar. O seu livro. E admirei a luva branca que usou (sem usar) sempre, e como conseguiu que tudo acabasse a tempo e bem, como se amigos. Almocei - optimamente, para variar - e depois reinventei a aula do costume. Boa reinvenção terá sido, pois um casal de alunos veio conversar comigo no fim sobre "o futuro". Mandei-lhes com um pouco de romance para cima, um misto de Doctor House e Fernando Namora, lá foram contentes, enganei-os. Engano-me eu todos os dias assim, porque não eles? Sobre o resto de quinta-feira posso dizer que passam os anos e eu não ultrapasso isto de ser apenas um cozinheiro de omeletes. Porque não sei.
Sexta feira começou bem, ofereceram-me pão recém-cozido, quem o cozeu ofereceu. Está congelado. Isto foi o melhor do dia. Isto e uma visita à sua capela, José Nuno, que fica bem lá no alto. Depois foi só a descer.


"E se não escrever o teu nome / Como direi a alegria ao mundo?" (Daniel Faria)

domingo, outubro 21, 2012

A cama nove.

Conversando sobre Pushkin, Agualusa, Horacio Quiroga, meu amigo, é caso para dizer, a doença só te fica bem!

sábado, outubro 20, 2012

Morreu o Manuel António Pina

O escritor Manuel António Pina foi praticante de Viet Vo Dao - cinturão castanho e chefe de redacção da revista de artes marciais "Shinkai". Ler o obituário do Público prova que a Portugal já quase não resta Ninguém!

Para uma Amiga

Olá. Vão operar-te. Disseste-me: "Estás óptimo, tens uma aura! Estás doente!". Respondi: "Há demasiado tempo!" Falaste-me das minhas forças. Respondi-te com a minha fraqueza. "Também eu!", podias ter respondido, "queres vir operar-te comigo?", pois não são as doenças mais importantes as que acontecem para sempre? Depois derivámos para a tua paixão e o absoluto crescer da Catarina foi ali rapidamente medido, vão operar-te.
Sendo tu uma pessoa atenta às maravilhas do mundo, espero que uma vez mais a justiça prevaleça, que ganhem os bons e que operem em ti maravilhas!

terça-feira, outubro 16, 2012

Das chaves e sua companhia.

Diz-me, mãe, para que queremos as mãos ocupadas? Sei de mim, de ti não sei, hoje diria que não sei nada de nós os dois.

Sei que às vezes ia “à praça” contigo, ao mercado do peixe, ao mercado dos legumes, à feira das roupas e do calçado, e uma das tuas mãos levava sempre as chaves da nossa casa a tilintar, a tilintar, confesso não lembrar se me davas a outra mão. Entretidas seguiam as chaves, brandidas e jogadas de uma mão para outra, porquê pensava a criança, para quê se há bolsos, se há carteiras, se há destinos alternativos para um conjunto de objectos enlaçados por uma argola de metal de que só voltaremos a precisar à volta, quando o círculo se fechar, quando a excepção terminar na casa de que saímos em aventura?
Hoje, e digo hoje pesando bem que já passaram quatro décadas, hoje ando, caminho, percorro-me, com as perdidas mãos à procura. Que nunca encontrarão o que agarrar, e talvez seja melhor assim. Temos pena, eu e as minhas mãos.
E ocupo-as, entretanto. Com quê? Com chaves.

sábado, outubro 06, 2012

Zelig mete água.

Podia ir pelo caminho mais fácil, o de comparar o meu quarto de há três, quatro anos, com um barco que mete água. Só que a água vinha de cima e, aqui e ali, era uma cachoeira, era como que um castigo divino. Vinha de cima, repito.
Levou um ano a conseguir reparar as fendas e crateras enormes que no "céu" daquele quarto estavam escancaradas. O "céu", outra metáfora fácil, nunca volta a ser o mesmo para ninguém, se reparado.
 
Ontem de manhã começou a pingar na minha casa de banho. Hoje não pinga, pinga e repinga, em quatro sítios. Parece ser o bidé do quarto andar. Hoje curiosamente uma superfície frontal de goteiras formou-se também logo para fora do meu quarto, no coberto que já foi um varandim. Será um tubo de drenagem do prédio. Nas águas como nas doenças, será uma fuga de cada vez, mas ocasionalmente não é assim. Dirão que me sinto cercado. Que ontem como hoje e assim será amanhã. Dando o pequeno passo para o lado eu sei, não irei parar de metê-la, a água.
 
Medindo bem as condições atmosféricas, de ontem, de hoje, vejo o registo de aguaceiros, hoje, ontem. Como não molhar-me? É secar, seguir em frente. E aprender sempre. Não há coisa mais difícil de estudar do que... o tempo.