sábado, dezembro 31, 2011

Ano Novo.

Feliz 2013, ou isso...

quarta-feira, dezembro 28, 2011

Dezembro 1-25 part three

Mil anos de perdão.
Esposende.
Noite planetária.
Ela está contra o desvio.

Dezembro 1-25 part two.

À porta da cadeia.
Luz dupla.
Salazar, Hitler, Jesus.
As luzes que os cogumelos nos fazem ver.

Dezembro 1-25 part one.

Cavaleira!
...amor!
O bazar que nos resta.
Soltem os prisioneiros!

terça-feira, dezembro 27, 2011

Porto Seguro.

"E desta maneira dou aqui a Vossa Alteza conta do que nesta Vossa terra vi. E se a um pouco alonguei, Ela me perdoe. Porque o desejo que tinha de Vos tudo dizer, mo fez pôr assim pelo miúdo.
E pois que, Senhor, é certo que tanto neste cargo que levo como em outra qualquer coisa que de Vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro -- o que d'Ela receberei em muita mercê.

Beijo as mãos de Vossa Alteza.
Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500.

Pero Vaz de Caminha."

segunda-feira, dezembro 26, 2011

Sexta-feira passada.

Vejamos portanto sexta-feira passada. Foi um dia longo.

“Eu acho que o meu pai é bipolar.”

Existe uma fase em alguns doentes bipolares chamada “rapid cycling”, que não corresponde a qualquer entusiasmo louco em fazer ginásio e spinning, mas sim em, com diferença de horas, alternarem eles entre a euforia mais desbragada e a depressão mais extrema, algo desmedido e completamente exterior a qualquer cânone de vida. Assim os meus dias, às vezes.

“Dormi que nem uma pedra.”

O sono é a segunda vida que temos. A outra oportunidade. Uma segunda solução. O sono somos também nós, e por isso esta segunda vida que nos é dada estremece paredes meias com a primeira. Um sono escorreito, limpo, inteiro, significa que, por uma vez, a solução número dois apareceu, e logo a solução primeira, a que acontecerá à luz do dia, não andará longe. Ou isto ou que tomámos drogas leves.

Não caiu bem o café primeiro. Todo o dia tive consciência da existência de um ser vivo na minha barriga com lógica própria e algo inconveniente. O abismo e o desconhecer são duas coisas muito intestinais. Não o sono, não a iluminação directa.

“Eu falo mais aqui do que na psiquiatra.”

Ele há corpos que não se resolvem a ter uma doença definida. Espreita a mesma sob a forma de dor, de gânglios, de uma distensão ou de um aperto. Espreita e depois, solerte, recua e esconde-se. “Solerte” seria um bom nome para um medicamento. Ele há corpos que levam anos nisto. Dois terços deles estão apodados de “fibromialgia”. Dois terços são mulheres. O que só pode querer dizer que também há muitos homens assim.

“E acabou o violoncelo?”

Não há voz como a de Ella Fitzgerald. Sendo Louis Amstrong o contraponto ideal. 1956 foi um grande ano. Obrigado pela música, obrigado. Você e eu sabemos que “ele” é um mal educado, pior, um mal nascido. E que as primaveras árabes acontecem. Música excelsa que me serviria depois para mote e voltas.

“Não há sistema!”

Muito da vida devia acontecer sem um sistema por trás a guiar, a decidir, a apontar. Apuntalar. Talvez toda uma vida sem sistema, como eu por estes dias, seja um excesso e um risco. Risco que, na má ardósia de que sou feito, pode soar mal, chiar, e soa, e chia. Ouves?

Mas não há consulta que resista à falta do sistema informático. A não ser a da D. Piedade. A metastização óssea e a sua quase bela indiferença disseram-me que não se tratava de uma consulta mas de uma despedida.

“Agora que convivo com alguém que só diz palavrões!”

Temos a sorte de possuir uma língua extensa, que providencia duas e três vias para o insulto, quatro e cinco para o escárnio e o maldizer. Mas não há sinónimo para as múltiplas declinações do verbo “foder” ou para o qualificativo “filho da puta” ou esse outro ainda que é “cabrão”. Ele há demasiados.

“The clouds broke, they broke, / And oh what a break for me!”

Assaltado pelo clã do nutricionismo, esperei almoçar ouvindo Ella e Louis Armstrong. Encolhido, fetal, envolvido pelas mais quentes vozes. O que importa é sempre ouvir. Assaltado pela noção de que mais um intervalo chegava-se ao seu fim, intervalo que intervala, almocei quase em recolhimento, em poucas palavras descansado. E ouvi.

Aqueles dez euros três vezes repetidos não podiam ser meus.

“Hipogonadismo.”

As grandes casas de produção como aquela em que trabalho têm, tal uma lança, corredores que as espetam da frente para trás. Enormes e maciças estas casas, os túneis comunicantes de que falo criam uma curiosa sensação de vulnerabilidade, como se aquele monstro nos pudesse desabar em cima. O café numa mão e o caroço de um dia difícil na outra, assim fui e vim, porque hoje o café é uma máquina e porque máquinas querem que sejamos. O atraso, se houve, pode ter sido fértil. Mais bonitas há na Rádio Popular, numa interessante promoção.

Hoje a ideia que predomina é que tu faças o que eu podia fazer mas não me apetece. Oh como me aborrece este mundo de pequenos tiranetes sem tomates que se notem! Na Nova Guiné nem cinco minutos sobreviviam! E tens razão, já não há quem abra uma porta para deixar passar.

“Autumn in New York / Is often mingled with pain.”

Um tijolo é um tijolo é um tijolo mesmo que lhe chamemos um livro. E às vezes quem atira pedras, tijolos, livros, quer afinal construir uma casa, apenas o está a fazer da maneira mais original e improvável.

“The way you sing off key!”

Nem todos os dias são para cantar mas alguns destes dias merecem ser cantados. Às vezes estás parado num semáforo e abres o vidro e dizes ao condutor do lado algo muito importante e só isso conta. Depois o semáforo abre e o trânsito separa o que jamais foi unido, esse outro condutor um estranho evidentemente.
Mas a vida não pode ser considerada em vão enquanto houver um sinal de luzes para fechar o dia.

sexta-feira, dezembro 23, 2011

Um certo Feliz Natal eu desejo...

"Maria e José descansaram comendo um pouco daquele pão que tinha nascido ali, do sangue de Maria. E pediram à estrela que se recolhesse um pouco, pois agora queriam dormir. E o Menino era um pequeno Deus de olhos fechados e segurava com os dedos o dedo de sua mãe e mais nada, por agora."

Há sete anos escrevi um texto sobre o Natal dedicado às pessoas que trabalhavam comigo naqueles tempos. Terminava como acima. Nada de especial, nem me parece que mereça completa transcrição.
Não quer isto dizer que eu não deseje a todos os de bem um certo e determinado Feliz Natal, enfim, eu sei que me faço entender...

sexta-feira, dezembro 16, 2011

Manoel de Oliveira Muge

Percebi há pouco tempo porque o realizador Manoel de Oliveira assim escreve o seu nome. É porque nasceu assim e assim foi registado. Assim também o meu avô materno. Assim assinou a posse de um livro que eu acabei recentemente de reler e sobre o qual já aqui escrevi, de Alexandre Dumas. E ele não tem culpa nenhuma que uns catraios filhos da puta se divirtam a chamar "vaca" diariamente à minha filha.

A situação foi hoje/ontem discutida com a directora de turma. Em vez de uma criança em sofrimento parecia a discussão de um caso clínico, e má. Até ao fim de Janeiro isto vai ser resolvido.

sábado, dezembro 03, 2011

Come Find Yourself - 1996.



ÀS vezes é assim, o primeiro disco é que conta. E para quê mais? Ouvi pela primeira vez os "Fun Loving Criminals" em auto-estrada, where else? O ano 1996. O tema "Scooby Snacks". "Come Find Yourself" combina blues, rap, rock e downtempo de uma forma que roça a perfeição numa dezena de temas, sendo uma pena que a era CD tenha obrigado estes rapazes a produzir mais de quarenta minutos. O dinheiro depis estragou-os, what else, ou uma pista o segundo disco chamar-se "100% Colombian".

"Smoke'em, smoke'em if you got'em, if you ain't got'em, them you hit rock bottom!"

sexta-feira, dezembro 02, 2011

November two.

Room with a class and a view.

Tsunami?

Autumn biloba.

Francis Bacon (with chips).

November one.

Benfica?

"A desgraça de um país..."

Understatement.

When?

Um de Dezembro.

Foi ontem. Hoje já é dois. Afinal choveu, afinal. A minha filha correu o seu primeiro concurso de cinquenta, enganaram-se ao anunciar o seu nome porque ela saiu antes a substituir uma concorrente atrasada, uma tal de Cristiana, só o nome da égua saiu bem, Tiara, a camisa e o casaco também foram emprestados. Esqueci-me de gravar o vídeo com a atrapalhação. Gritei, não caiu, não hesitou, e foram cinquenta e um segundos de glória. Não é minha filha. Ontem foi um de dezembro, repito. E foi um dia importante. Pode não ter parecido, ou se calhar disfarcei. Tinha saído de vinte e quatro horas. Onde o trabalho nem foi muito. Cheguei a casa e enganei-me, tomei café, não dormi. Almocei sopa e sopa, nem pensar em manufacturar comida. Um sms a chamar-me, um telefonema: "já começou?". Hoje vivemos com estas correntes subterrâneas, mandamos mensagens para todo o lado e a toda a gente, as respostas a diária pontuação. A minha filha lembrou-me a importância do dia, "hei hei, foi a minha primeira vez!", estávamos no McDonalds de Leça, fazia frio, as portas não paravam de abrir embora fosse difícil mas não o bastante e eu perguntei-lhe: "como podes tu querer um Mc Flurry?" embora a pergunta fosse "como vou fazer para um dia algum dia entender-te, filha minha, e tão diferente, tão longe de mim?". Voltei para casa, enfim, o Altea já a antecâmara deste meu tardio ninho de defesa, onde jantei uns benditos pastéis de Chaves, eram cinco, o Sporting ganhou e tão calmamente que adormeci aos 65', percebi pouco depois que o euro talvez acabe, talvez não, as eleições em França sendo a nossa última esperança, senão as alemãs... E decidi escrever isto. Pode não ter parecido, ou se calhar disfarcei. Mas não houve dia mais festivo para mim.

O Que Você Quer Saber de Verdade - 2011



Já postei aqui o vídeo - o 2º - do último disco de Marisa Monte. Marisa Monte é o maior sucesso brasileiro dos últimos vinte anos em criar um universo musical alternativo aos baianos. Quer com Arnaldo Antunes quer com outros parceiros tem criado canções que me são queridas. O seu melhor disco foi "Mais", e nisso estamos todos de acordo.
Este último trabalho volta a ter altos e baixos. Os arranjos excepcionais não deixam ver às vezes as fraquezas. Mas porquê a três a soar tanto a Roberta Miranda? E três ou quatro temas de encher? Já a dez soa a Roberto Carlos e escapa... mas há três clássicos, três: "Ainda Bem", "Era Óbvio" e uma recriação supimpa de um tema de Jorge Ben, "Descalço no Parque", é a dois. Portanto, é ouvir... aos saltos.