quarta-feira, junho 30, 2010

E se...

Este Mundial acabar na merda do Brasil-Alemanha do costume?

terça-feira, junho 29, 2010

Al Green - (your love is ) Just For Me



Do fantástico album Lay It Down. No vid but great music!

Portugal 0 Espanha 1

"Que farei com este gajo? Que farei com este gajo?" Isto, referindo-se a Cristiano Ronaldo, deve ter pensado Carlos Queirós durante os 90 minutos da partida contra Espanha, esta, a tal, em que jogando com dez até nem nos portámos mal. Scolari provavelmente teria substituido CR7 aos 58'. Queirós nâo, e decapitou a equipa tirando Hugo Almeida. Talvez com esta substituição, e porque o futebol tem memória, Hugo Almeida tenha ficado para a história do futebol português. Duvido que afinal CR fique tanto tanto tanto quanto isso. Pf acabem com aquela história do melhor jogador português de todos os tempos.
E a equipa até estava equilibradinha. Tiago em vez de Deco (sim senhor!), e Raul Meireles e Pepe. Ricardo Costa à direita porque, como decidir entre Paulo Ferreira e Miguel? Eduardo a sedimentar o seu posto na baliza, que agora ficou definitivo. E o jogo, meio parvoice meio nervo, lá se foi equilibrando. A Espanha estava "desenganchada". De CR, nem vê-lo. Um portento, Portugal a jogar com menos um. Os espanhóis desanimavam, para recuperar ânimo iam roubar a bola ao CR, parecia fácil.
58': "Que farei com este gajo?" Vai daí Queirós tira o nosso único avançado e põe Danny a jogar , mandando o CR para a frente: "talvez o gajo a ponta-de-lança faça alguma merda, eu ainda ontem estive a ver uns vídeos dele dos tempos do Manchester...". Ná, népia! Nem sinal! Del Bosque pelo contrário surpreendeu e meteu Llorente, o resto é história. Uma equipa sem patrão, sem dono, não remontava esta Espanha, nem que o jogo tivesse 200 minutos.
Esclareça-se: Queirós sabe mais futebol do que Scolari. Eu também, diga-se de passagem. Mas só Scolari seria capaz de substituir o jogador mais caro do mundo por não estar a fazer um caralho há uma hora. O treinador e a equipa estão de parabéns, perderam com a Espanha só por 1-0 e a jogar com dez! Se fosse com onze, como a Suiça, para não ir mais longe, se calhar até tinhamos ganho! Mas... eu tenho estado a falar bem do Scolari? Não, porque até foi ele que pôs o CR a capitão - uma estupidez que já dura há demasiado tempo. No fim nada, fica prá próxima, Ricardo Costa lá coleccionou mais uma expulsão, os meus cumprimentos ao Cardoso.

O futuro é assim: falta-nos um defesa direito e sobra-nos um CR. Resolvidos estes dois problemas, temos equipa para o Europeu. Queirós ficar, sair? É igual: falta-nos um defesa direito e sobra-nos um CR.

P.S.: não posso deixar passar esta subtil homenagem a Saramago ("Que farei com este livro?" - peça de teatro sobre Camões): vai-se-nos o Nobel, o CR7 desfaz-se em fumo... "fumos da índia"!...

Reparem bem, não foi golo!


O tal golo que teria dado o empate à Inglaterra contra a Alemanha e, se calhar, um novo rumo ao jogo, afinal não existiu mesmo!

Mulatu Astakte and Broken Flowers



Mulatu Astakte é um jazzman etíope de renome, já com "a sua idade", que editou o ano passado um delicioso álbum de nome "Inspiration Information" com os Heliocentrics. Neste vídeo e na companhia deste combo aparece um tema mais antigo que é banda-sonora de um filme (também assim chamado) de Jim Jarmusch (2005) com Bill Murray "about an aged don juan"... como foi que não vi este filme?

domingo, junho 27, 2010

Aniversário.

Sim, é tempo de aniversário.

sábado, junho 26, 2010

Callas sem Philadelphia

Callas em Philadelphia ( La Mamma Morta / Io Sonno L'Amore)

sexta-feira, junho 25, 2010

Notícias do Bloqueio.

Quando ligues o teu portátil, não te esqueças de desligar o espelho que está à tua frente.

Re-dito.

"Creio nos anjos que andam pelo mundo,

Creio na deusa com olhos de diamantes,
Creio em amores lunares com piano ao fundo,
Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes,

Creio num engenho que falta mais fecundo
De harmonizar as partes dissonantes,
Creio que tudo é étero num segundo,
Creio num céu futuro que houve dantes,

Creio nos deuses de um astral mais puro,
Na flor humilde que se encosta ao muro,
Creio na carne que enfeitiça o além,

Creio no incrível, nas coisas assombrosas,
Na ocupação do mundo pelas rosas,
Creio que o amor tem asas de ouro. Ámen."


Natália Correia

Portugal - Espanha e Mourinho.

Atão... lá vamos jogar com Espanha nos oitavos...

Fosse o Mourinho o nosso treinador, e era favas contadas!

Dentaku, uma canção dos Kraftwerk, cuja letra me diz muito.

"Bokuwa ongakuka, dentaku katateni
Tashitari, hiitari
Sousashite, sakkyoku suru
Kono botan oseba, ongaku kanaderu"

quinta-feira, junho 24, 2010

3 - Junho

Dallas sem a música.














Isto não é um pinhal, isto não é uma foz.


Pequena grande cidade, amado porto.


II


É de manhã que as coisas acontecem.


A destruição da Alegria.

2 - Maio


Desce bastante mas depois sobe um pouco.


Nocturno matosinhense.

Um OVNI com certeza.



Estúpidos satelites.


Give away, take some.

Barcelonian.


Esperar sentado o Mediterrâneo que há de vir.


Going down between Intimissimi & Obama.

1 - Abril


Here I had a smoke.

                                                   

As correntes internas.












Estranha Melodia...



Coruña forever.
Fazer a diagonal.

How Come U Don't Call Me Anymore! - Keys version



...embora, claro, não supere o original de Prince Roger Nelson!

quarta-feira, junho 23, 2010

Veckatimest 2009

Os Grizzly Bear são um dos grupos hype do momento, ou terão sido, isto agora anda tão rápido, e lançaram um dos unanimemente considerados discos do ano 2009. Vejam a crítica da Pitchfork. Bom, eu ouço e gosto. Devem ser muito inteligentes. São melhores que os Fleet Foxes. Compreendo o que é esta história do "chamber-pop". Encontro todas as referências, sobretudo a coisa Beach Boys Plus. Mas, mas, mas... como aderir a algo que dificilmente se trauteia? Onde as letras são muito complicadas? Onde os layers of sound sucedem-se um atrás outro, os fenómenos sonoros atropelam-se, etc.? Concedo, há canções muito boas, parece-me, mas hoje por hoje, eu não estou para isto. Também, ando a atravessar uma fase má, se calhar é dar-lhe tempo... 
Pop perfeita é... Black Bird, White Album. Eu sei, eu sei, mas é assim que estamos.

Notícias do Bloqueio

"Logo, se puderes estar comigo, dá-me um toque!" Ela bebeu do copo de Pepsi dele e compôs-lhe o tabuleiro. Foi e veio e tornou a ir. Ele funcionava por ali, centro comercial, mas era o tempo do pequeno-almoço. Ela pertencia aos serviços de limpeza e já estava em horário de trabalho - farda azulina, sigla EULEN. Pelos anos mãe e filho. Pela densidade das rugas, pelo irregular acrescido no quadrado de uma das caras, as duas assim eram. Mas não parecidas. Mãe e filho...
E se não fossem?

Maria del Pilar

Gosto muito do sorriso de Pilar del Rio.

terça-feira, junho 22, 2010

There Is Love In You 2010

O 5º disco de Kieran Hebden aka Four Tet preenche os dias e as noites da consola do meu Altea e está a demorar a ir embora.
Catálogo de samples da IDM dos últimos 15 anos, desde os Fila Brazilia por ex e sempre pescando na herança germânica, este é um disco de equilíbrio perfeito. Não digo perfeito tout court porque de inventivo realmente não tem muito. Mas que é uma delícia para os ouvidos lá isso é!

segunda-feira, junho 21, 2010

É cortá-lo!

Não há ninguém que corte o pio a D.Duarte Pio?

domingo, junho 20, 2010

Bring me the sweat of Gabriela Sabatini, by Clive James


Bring me the sweat of Gabriela Sabatini


For I know it tastes as pure as Malvern water,

Though laced with bright bubbles like the aqua minerale

That melted the kidney stones of Michelangelo

As sunlight the snow in spring.



Bring me the sweat of Gabriela Sabatini

In a green Lycergus cup with a sprig of mint,

But add no sugar-

The bitterness is what I want.

If I craved sweetness I would be asking you to bring me

The tears of Annabel Croft.



I never asked for the wristbands of Maria Bueno,

Though their periodic transit of her glowing forehead

Was like watching a bear's tongue lap nectar.

I never asked for the blouse of Françoise Durr,

Who refused point-blank to improve her soufflé serve

For fear of overdeveloping her upper arm-

Which indeed remained delicate as a fawn's femur,

As a fern's frond under which cool shadows gather

So that the dew lingers.



Bring me the sweat of Gabriela Sabatini

And give me credit for having never before now

Cried out with longing.

Though for all the years since TV acquired colour

To watch Wimbledon for even a single day

Has left me shaking with grief like an ex-smoker

Locked overnight in a cigar factory,

Not once have I let loose as now I do

The parched howl of deprivation,

The croak of need.



Did I ever demand, as I might well have done,

The socks of Tracy Austin?

Did you ever hear me call for the cast-off Pumas

Of Hana Mandlikova?

Think what might have been distilled from these things,

And what a small request it would have seemed-

It would not, after all, have been like asking

For something so intimate as to arouse suspicion

Of mental derangement.

I would not have been calling for Carling Bassett's knickers

Or the tingling, Teddy Tinling B-cup brassière

Of Andrea Temesvari.



Yet I denied myself.

I have denied myself too long.

If I had been Pat Cash at that great moment

Of triumph, I would have handed back the trophy

Saying take that thing away

And don't let me see it again until

It spills what makes this lawn burst into flower:

Bring me the sweat of Gabriela Sabatini.



In the beginning there was Gorgeous Gussie Moran

And even when there was just her it was tough enough,

But by now the top hundred boasts at least a dozen knockouts

Who make it difficult to keep one's tongue

From lolling like a broken roller blind.

Out of deference to Billie-Jean I did my best

To control my male chauvinist urges-

An objectivity made easier to achieve

When Betty Stove came clumping out to play

On a pair of what appeared to be bionic legs

Borrowed from Six Million Dollar Man.



I won't go so far as to say I harbour

Similar reservations about Steffi Graf-

I merely note that her thigh muscles when tense

Look interchangeable with those of Boris Becker-

Yet all are agreed that there can be no doubt

About Martina Navratilova:

Since she lent her body to Charles Atlas

The definition of the veins on her right forearm

Looks like the Mississippi river system

Photographed from a satellite,

And though she may unleash a charming smile

When crouching to dance at the ball with Ivan Lendl,

I have always found to admire her yet remain detached

Has been no problem.



But when the rain stops long enough for the true beauties

To come out swinging under the outshone sun,

The spectacle is hard for a man to take,

And in the case of this supernally graceful dish-

Likened to a panther by slavering sports reporters

Who pitiably fail to realise that any panther

With a topspin forehand line drive like hers

Would be managed personally by Mark McCormack-

I'm obliged to admit defeat.



So let me drink deep from the bitter cup.

Take it to her between any two points of a tie-break

That she may shake above it her thick black hair,

A nocturne from which the droplets as they fall

Flash like shooting stars-

And as their lustre becomes liqueur

Let the full calyx be repeatedly carried to me.

Until I tell you to stop,

Bring me the sweat of Gabriela Sabatini.




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Clive James é um interessante septuagenário australiano, poeta, escritor e algumas coisas mai,s que acha por exemplo  que as religiões são: "advertising agencies for a product that doesn't exist". Por estas e pelo poema acima, lembrando uma beleza do ténis que é seis anos mais nova do que eu, Clive James tem todo o meu respeito. E inveja, pois foi amigo pessoal de Lady Di.

Albergaria Miradouro

Não entendo como este estabelecimento hoteleiro não é uma referência na cidade do Porto. Entendo, mas discordo. Tem a Albergaria Miradouro, situada na rua da Alegria ao lado da estação de distribuição das águas, as melhores vistas da cidade, que se faz pequena a seus pés. Alberga o restaurante Portucale, no 13º andar, e toda uma restauração retro anos 60 que é uma delícia. Para além disso o edifíco, projectado por David Moreira da Silva, marca  a zona em que se insere, bonito, elegante, com bons volumes. Já não existem quartos assim, corredores assim, escadas assim ,elevadores assim. Existem, na Albergaria Miradouro. Reforço a indicação para uma visita ao bar do 13º para pôr-do-sol. Por vergonha não refiro preços, tentem o booking.com. 

Notícias do Bloqueio

Entro e saio do Cidade do Porto pela "saída de emergência". Emergente nunca ninguém entra, serei eu o primeiro. Emergente não no sentido de novo, não me façam rir, está difícil.
E atravesso a "zona técnica", sempre coerente.



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Agora entendo o casal oriental que diviso na praça da alimentação enquanto tomo por dois euros um sumo "multivitaminas". Ele carrega acolchoado instrumento escondido, o que transforma este centro comercial num intervalo da Casa da Música.
Juntos medem um Kobe Briant, pouco mais.



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Está confirmado o que se dizia por aí, existe efectivamente uma linha de vestuário "King Kong".
Encontrada mais uma forma de encobrir a mais impossível e portanto nobre das paixões.

Notícias do Bloqueio

Há umas décadas terá havido uma revista de poesia em Portugal, ou algo parecido (título, país, revista, poesia...) com este nome.
Assim estamos, daí a cópia. Ou isso.

sábado, junho 19, 2010

Morreram.

Morreram António Manuel Couto Viana e José Saramago.
Tenho demorado em encontrar o que escrever. Poesia à qual nem sempre adiro, sobre Couto Viana a crítica tem-se posicionado entre o incenso e a ignorância. Foi fundador da "Távola Redonda" e talvez tenham mais valia poemas antigos dos anos 50 e 60, aos quais não consigo aceder, que a poesia mais recente, cujo anacronismo, parece-me, nem sempre é sobrelevado pelo valor facial.

Outra coisa José Saramago. Vou rodear a prosa, o homem, o personagem público. Fico-me pelo discurso de aceitação do Nobel, em 1998, que é um lugar-comum dizer que só nos honra, enquanto portugueses, que um português o tenha pronunciado. Está aqui. Por outro lado José Saramago foi poeta, arrumado numa 2ª vaga neo-realista por Ramos Rosa, com 1º livro em 66 chamado "Os Poemas Possíveis". Só por este título, de uma honestidade franca, e já revelador do Saramago futuro em atitude e inteireza, um abraço. E uma sugestão póstuma, dentro de uma lógica última: que parte das cinzas fiquem em Lanzarote, onde foste mais e finalmente feliz.Assim eu faria.

sexta-feira, junho 18, 2010

De como é fácil esta merda da poesia - VI

TRÁS OS MONTES (contigo também).


Ateu.

O Tua.

Estragada linha de comboio.

De como é fácil esta merda da poesia - V

DA INDECISÃO COMO PECADO ORIGINAL (A Bang? A Big Bang?)




Agnósticos.

Sós.

No fim do jogo.

Banksy again

Bom, então falemos do Mundial de futebol.

Não vamos esquecer o óbvio: a fase de grupos serve para decidir as dezasseis equipas que passam aos oitavos e decidir os respectivos emparelhamentos! Nada mais.

Transumância

Imagina um rebanho. O das tuas coisas. Imagina ainda que os habituais caminhos de todos os anos foram apagados. Pelos séculos, pela internet, o que tiver sido. Apagados com borracha, pelo vento, pelo asfalto. Tens o rebanho. Tu és aquele rebanho. A condução tem de seguir. Pode o rebanho parar um tempo aqui, ou ali, comendo a erva que há, mas o corpo múltiplo pede o lento movimento de antigamente. Mas para onde, por onde? O rebanho não sabe nem lhe está sabê-lo, espelho de quem apascenta e rege.
Bom, vejamos. Serás algo mais do que este rebanho. Lembras-te? Quando ainda não havia coisas. Este peso. Tralha. O caminho será o teu e o rebanho vai, irá.
Outro rebanho porém existe. Se abrires bem os olhos verás as múltiplas implicações e porquê? Onde estás já estiveste. Uma e outra vez. O que fazer já fizeste. Esta vez e a outra. Os gestos são repetidos. Os pensares. O acelerar do passo e o fechar do pensamento. O refazer do sentir. A talvez fuga, a quiçá procura. Este é o rebanho mais difícil de levar. É o teu passado. É o teu presente. É a impureza obrigada do teu futuro, o chamado futuro imperfeito.
E tu és este rebanho. Ele existe. Não precisas imaginá-lo.
Agora vai.

terça-feira, junho 15, 2010

Manuel António Pina

CAFÉ DO MOLHE


Perguntavas-me
(ou talvez não tenhas sido
tu, mas só a ti
naquele tempo eu ouvia)

porquê a poesia,
e não outra coisa qualquer:
a filosofia, o futebol, alguma mulher?
Eu não sabia

que a resposta estava
numa certa estrofe de
um certo poema de
Frei Luis de León que Poe

(acho que era Poe)
conhecia de cor,
em castelhano e tudo.
Porém se o soubesse

de pouco me teria
então servido, ou de nada.
Porque estavas inclinada
de um modo tão perfeito

sobre a mesa
e o meu coração batia
tão infundadamente no teu peito
sob a tua blusa acesa

que tudo o que se soubesse não o saberia.
Hoje sei: escrevo
contra aquilo de que me lembro,
essa tarde parada, por exemplo.



in "Nenhuma Palavra e Nenhuma Lembrança", Ass&Alvim, 1999.

Para rir um pouco dos alemães...

... por solidariedade com o pobre do ZP...


Iban un aleman, un frances, un chino y un español en un avión que empieza a fallar y sólo hay un paracaidas. El alemán se tira el primero gritando "por Alemaniaaaa!!!".
El francés para no ser menos tambien se tira "por Franciaaaaa!!!!!".
El español coge al chino y lo tira "por la ventanaaaaa!!!!".

domingo, junho 13, 2010

De como é fácil esta merda da poesia - IV

O El Pais Semanal de hoje traz uma reportagem sobre os novos poetas espanhóis. Já tinha eu lido alguma coisa sobre estes meninos na colectânea publicada na Hyperion "Cambio de Siglo". Li o artigo, algures entre o ineficaz e o interessante, duas palavras que quase se sucedem no dicionário, ficando com aquele amargo de boca por algum do desintesse vir dos poetas em si e não do articulista. Achei curioso que se desconsiderasse alguém que afirme Dylan (Bob e não Thomas...) mais importante do que Quevedo enquanto influência. Achei curioso que Dylan (Bob e não...), que ainda não morreu mas já teve tempo para isso, seja influência ainda para gente 20 a 40 anos mais nova mas, bom, estamos a falar de poesia e não de música...
Achei muito estranho que estes poetas posassem para as fotografias de geração que compõem o artigo vestindo peças de marca a ser explicitamente mencionadas em subtítulo. Por ex.:  Lorenzo Plana veste "camisa de lino lila de Hartford, tejano de Lacoste y fular de L’Habilleur".   Ou então.: Elena Medel "vestido azul Tsumoda, pantalón de Tommy Hilfiger y sombrero de L’Habilleur". Podemos assim concluir que, para além desta geração não se ter criado contra nenhuma outra nem a favor do que quer que seja, é manifestamente uma geração do seu tempo. Falta conhecer em que condomínio vivem, qual a marca do automóvel, do portátil, e da máquina fotográfica que com certeza levam para as suas férias ecológico-artístico-alternativas, para fazer fotografias diferentes tendo em vista futura publicação tipo "o mundo visto pela objectiva dos poetas" ou uma merda assim.
Noutro lugar escrevi não me atrapalhar a sessão de fotografia de Gabriela Canavilhas para a Vogue portuguesa de Julho. Explico: primeiro, ela é apenas a ministra da cultura de Portugal, isto é, "incha, desincha e passa". Segundo, nada me desagrada na moda, no bem vestir, bem calçar e bem adereçar. Um poeta não tem porque andar mal vestido. A moda e a arte sempre andaram de mãos dadas. Porém, coisas em forma do artigo no "El Pais Semanal" de hoje são simplesmente fúteis. A futilidade poética existe, e pode ser uma forma de expressão e uma arma, por ex. contra levarmo-nos demasiado a sério. Não me pareceu o caso. A ironia e o sorriso não estavam. A expressão era apenas pobre, se bem que razoavelmente bem vestida...
Da poesia não falo.

De como é fácil esta merda da poesia - III

CLARA REFLEXÃO SOBRE O NEGRO FINAL DA EXISTÊNCIA



A vida é dura e no fim.

Morre-se.





VARIANTE



A vida é dura e no fim.

Eu morro.
Morres tu.

Como.

Decidir.

De como é fácil esta merda da poesia - II

DA SERVENTIA COMO ETERNA JUSTIFICAÇÃO DE PRESENÇA E COMUNIDADE



Para.

Sempre.

De como é fácil esta merda da poesia - I

VIVER À CONDIÇÃO.



Foda.

Se.

A good idea!

Em "Banksy, wall & piece", Randomhouse.

Feira do livro, Aliados Porto, 2010.

"Diz-me, silêncio..."

Diz-me, silêncio, em ruidos permanentes
singelamente confusos primitivos -
que mão estender à voz que ouvida não
fala comigo ou com ninguém, silente:
Devo tocar como quem chama e pede?
Ou agarrar o que não fala ainda
senão por gestos quase imperceptíveis?
Esperarei perguntas sem resposta?
Responderei perguntas não faladas?
Diz-me, silêncio, em ruídos de que és feito,
como entender-te quando és corpo humano.




Jorge de Sena, in Conheço o Sal... e outros Poemas (1974) - Poesia III.

sábado, junho 12, 2010

Da desorientação em Mira.

Ocuparam o meu sábado de manhã com um "percurso de orientação em Mira". Mira, sempre achei que era Mira ali em Miramar. Resultou ser Praia de Mira, distrito de Coimbra. A bem disposta que aceitou a nossa inscrição disse que tudo o que era preciso era isso mesmo: boa disposição. Esqueceu-se de mencionar bússola, calçado apropriado... Chegámos a MiraVillas às 9h30m. Tivémos treino de quase hora e meia, antecedido de cafezinho e pão com fiambre para todos. Tive direito a t-shirt de "Amigo" de um determinado Hospital... para o caso de me perder. Portanto, dispersou-se o ATL em grupos de três em direcções opostas num circuito que era pinhal e pinhal e pinhal, sobre duna transformada. Até aqui nada de especial, ali no Furadouro há kms disto. Tinhamos que passar por dez "balizas" e, para o caso de nos perdermos, não tinhamos o contacto de ninguém da organização, e a Figueira da Foz era 40 kms para sul. Ah, e estava nublado, portanto nem adiantava ver a direcção do sol pois não havia sol para ver. Bom, foi-se fazendo. Na baliza 4 cruzámo-nos com quem já vinha em sentido contrário e para ganhar, nomeadamente um fds nas pousadas Pestana p/2. Eu também, queria o quê, tenho o cartão, que este ano não será usado, so... Bom, o 7 foi encontrado por acaso, o resto foi-se efectivamente fazendo, acabámos por ir encontrando outros grupos e acabar a coisa um pouco em comunidade, diziam que era percurso para uma hora, o par ganhador gastou 78 min., nós duas horas e meia. Tudo o que era para ser feito de tarde foi anulado. Às 16h ainda estávamos nas MiraVillas, toda a gente, eu, e o litro de areia que havia sedimentado nas minhas sandálias.
E voltámos. Devia ter havido dois autocarros. Melhor, devia ter levado o Altea alegando Ovar, uma diarreia, o derrame da BP no golfo, sei lá. Nas viagens em grupo em Portugal há um antes e um depois da "invenção" de Quim Barreiros. Eu queria dormir, eu e mais gente. Não deixaram. Paco Bandeira, o manso Paco Bandeira foi assobiado, e acabámos por ter o Quim Barreiros, um seu sucedâneo de nome Fernando Santana, e efe-erre-ááás, cantigas da rua, o cheira a lisboa, etc., etc. Felizmente ninguém se pôs a contar anedotas. Felizmente. Alguém de vez em quando descia do galinheiro à frente do veículo, braços em alto, a bailar o malhão. Não aconteceu a guinada que lhe fracturasse tíbia e perónio. Pediram ao condutor para tirar as cuecas, o que ele não fez. Talvez por isso contribui generosamente para a sua gorjeta.
Estou salvo, estou salvo. Mas não volta a acontecer. A Mira só volto de helicóptero.

Leituras

A Noiva Judia e Pedro Paixão no leituras.

Up In The Air



Up In The Air ("Nas Nuvens"), de Jason Reitman e com George Clooney, é um filme muito cruel. Ok, gostei. É um bom filme. Mas é cruel. Comigo.

quinta-feira, junho 10, 2010

Citador

Era uma vez um poeta que era um citador
e que citava tão frequentemente que julgava ser citação
a canção que lhe brotara da própria dor.
Adiante.

Existe um site http://citador.pt/ onde se pode ir pescar citações de provérbios, aforismos, poemas, etc. Estão as mais banais, as habituasi, muitas anormais, e alguma coisa boa. Sobre o tema "Amor" tem 437 poemas. Sobre o tema "Amor Físico" tem 15 poemas 15.
Óh pá, não me fodam...

quarta-feira, junho 09, 2010

A conversão de São Paulo - Caravaggio

E, finalmente, este fantástico... cavalo! Sim , o truque está no cavalo. Caído Saulo, ou Paulo, uma possível personificação do pintor, também um mau rapaz, o cavalo calmamente entrega-se ao seu cuidador e evitar pisar o soldado que sofre, caído, cego perante a luz. Que sofre? Tenho as minhas dúvidas sobre o que conta aqui Caravaggio. Pois Saulo parece mais como que fechou os olhos, fechou-se ao mundo, concentrado na sua queda. E a cara não é de quem sofre. Porque esta Revelação é uma Queda, não uma Ascensão. E "cair" era uma das especialidades de Caravaggio na vida real.
Alguém escreveu que neste quadro Caravaggio apelava ao seu Deus para que a ele também o salvasse. Eu acho que não. Destas "quedas" Caravaggio devia experimentar duas a três... por semana.

A vocação de S.Mateus - Caravaggio.

Esta pintura com uma janela tão holandesa é um dos ícones de Caravaggio. Jesus quase não se vê. A mão não chega a sustentar a luz que se sobrepõe e que é ela o verdadeiro apelo, a ilustração do contraste, este de acontecer uma vocação num cobrador de impostos, um publicano. A taberna que aqui se vê, a ilustração do meio em que Caravaggio se movia, explica todo um projecto pictórico onde carácteres vulgares subitamente desatam a jorrar poder e iluminação, dos quadros de Caravaggio para fora, em nossa direcção, numa frequência de onda que nos fere e interroga.

A incredulidade de S. Tomás - Caravaggio.

Nesta pintura de Caravaggio o que eu vejo é o choque de contrastes entre Cristo e Tomás, o Evidente e o Incréu. Cristo ao levar a mão de Tomás - e o dedo que penetra - às suas feridas, testemunhos do acontecido, sujeita-se a uma humilhação mais, ele que é Deus. E uma vez mais está a lavar os pés dos homens. Mas pensativo, um Deus melancólico. Custa-lhe possivelmente reconhecer até ao toque a extensão da imperfeição dos homens, sua fábrica.

terça-feira, junho 08, 2010

David com a cabeça de Golias - Caravaggio

A propósito de uma extensa retrospectiva sobre Caravaggio a decorrer em Roma, este quadro, dos seus últimos, é das melhores reflexões visuais sobre o amor e o seu último fim, sabido que aqui Golias é o pintor e David o modelo/amante.
É/será este o último caminho de todo e qualquer arrebato dos sentidos, o decapitar final de quem mais se extende pelo caminho da desrazão, sendo a ironia mais ou menos saborosa o ser o mais jovem aquele que corta, real para além de figurativamente, a relação - com o outro, ou seja com o mundo - que ao outro se resumia.
Que mais há para ser dito? Que brilham no escuro do acontecido as cabeças de um e de outro, mestre e discípulo, escolham a correspondência entre, façam os tracinhos, vão para casa, descansem, fechem os olhos, durmam.
A lâmina que cortou voltando ao entrepernas de onde apenas para terá saído.

Ismail Kadaré e a ocupação otomana.

 Muito curioso como o escritor albanês mais conhecido, nesta interessante entrevista, se refere mais do que uma vez à ocupação otomana dos balcãs como o grande desastre...

É a Crise...

Sim, é a Crise...

domingo, junho 06, 2010

E agora?

sexta-feira, junho 04, 2010

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quinta-feira, junho 03, 2010

My scene, I think...

In The Guardian...

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Pull The Catch - Fat Freddys Drop

quarta-feira, junho 02, 2010

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terça-feira, junho 01, 2010

Jazzanova (ft Jose James)



de "Off All The Things", 2008.

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