sexta-feira, janeiro 30, 2009

Pubalgia 2

"Se calhar vou ter que ir à faca!"
Eu sabia, eu sabia, assim teremos a certeza de não haver descendência...

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quarta-feira, janeiro 28, 2009

Freeport

Independentemente do desfecho deste caso, surgido "em que momento", meus senhores, aqui declaro que não vejo no PSD qualquer capacidade para sacar o paizínho desta enorme crise, nacional, internacional e tudo! Pelo que até torço, estranhamente, para que não seja verdade - a alternativa PS sendo o quê? António Costa? o Seguro? A Maria de Belém? É rir!
Claro que o desfecho deve ser judicial e só, não outro.

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sexta-feira, janeiro 23, 2009

Obama Days

Mais do que o dia da tomada de posse estes dois dias depois que já houve têm corrido bem. Agora sim parece que podemos começar a celebrar.

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quinta-feira, janeiro 22, 2009

Subitamente

A civilização e o desenvolvimento tem destas coisas. Uma amiga minha contou-me que um seu irmão, “estrangeirado” e padecendo de uma qualquer doença cardíaca foi proibido pelo genro, nativo lá da terra estranha e culta, de ir buscar as netas ao jardim de infância, por medo de ao avô poder dar “alguma coisa”, coisa qual seria muito mau exemplo para as miúdas, nativas de dois e quatro anos de idade. Indo pela pior hipótese, a morte súbita, curiosa expressão, acompanha em risco variada patologia, incluindo alguma cardiovascular, disseram-me. Desconheço se “lá fora” conhecem a famosa canção dos Xutos sobre a “morte lenta”, outra curiosa expressão. Da vida para a morte desenha-se afinal uma linha contínua, uns dizem que se desce outros que é a subir, uma variável contínua porque variável pode ser a forma de morrer, e vem a ciência e depois define: “aqui ainda estava vivo”, “agora já não, está morto”. Sabemos que não é bem assim.
Esta odiosa proibição lembrou-me um episódio que ocorreu na minha mais tenra infância, teria eu uns quatro, cinco anos, mais não. Morava na Ribas, bairro que na prática são duas ruas de Ovar na direcção para a Ribeira, e fôra acompanhar o meu pai a buscar vinho – o garrafão de cinco litros da praxe, estamos a falar de 68,69 – ao armazém de vinhos que então ali ficava no gaveto donde partia a rua para o Hospital, fim da João de Deus, início da Alexandre Sá Pinto. Pouco abaixo era a Cooperativa do F.Ramada, inveja de quem não podia entrar, pouco acima os dois armazéns de sal, tugúrios onde eu às vezes ia comprar sal a granel, ao peso. Esclareço que os cinco litros davam para bastante tempo.
Enquanto se enchia o garrafão a conversa dos homens, e eram três, girava em torno da alta recente de um deles do Hospital de Ovar, nem eu percebia que doença tinha sido, nem o homem em questão me parecia doente. Não sei porque tenho a impressão que estava ali mas a comer alguma coisa, um bolo de bacalhau, não me lembro bem, como se a recuperar da fome que o internamento provavelmente lhe tinha originado. De repente o homem parou de falar e revirou os olhos. Escorregou até ao chão e ali ficou deitado, a boca aberta, alguma comida ainda sem entrar. Lembro-me distintamente e a cores da cara do homem, congestionada primeiro, depois branca como papel e finalmente cada vez mais arroxeada até atingir um roxo escuro. Os presentes, o meu pai e o armazenista, deram algumas sapatadas ao homem, talvez uns bofetões. Os primeiros-socorros eram um saber por saber naqueles tempos. Nada: o homem morrera ainda antes de ter tempo para se engasgar. Telefonou-se para os bombeiros, que ficavam a duzentos metros. E ficámos à espera, dois adultos, uma criança e um morto. Lembro-me do silêncio. Os bombeiros vieram, pegaram no corpo e levaram-no para o Hospital, que ficava trezentos metros à direita, a verificar o óbito. Não me esqueci deste episódio, pertence à dúzia de flashes que possuo da minha primeira infância. Não me sinto traumatizado, nem no sentido ortopédico nem em nenhum outro pelo acontecido, desde então sei que a morte existe e é como uma invisível corrente que nunca sabemos a que perna se vai agarrar e é só isto. É ter cuidado e ver onde pisar, avisando o próximo se de um amigo se trata.
Lembro-me também de um dia, ao atravessar a correr a Praça um velhote ter-me agarrado pelo braço e perguntado: “Tens medo de morrer?” ao que eu respondi: “Tenho!”. O velhote riu-se a bom rir, “e porque tens medo”, “e olha ele tem medo” e já então, do alto dos meus seriam oito, nove anos, me pareceu um absurdo não ter medo de morrer.
Tudo isto não levanta o ser odiosa a proibição acima.

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Pubalgia

Saltava de um pé para outro e falava e falava, desenvolvendo o tema com uso exaustivo de toda a ciência. “É curioso”, “estava agora mesmo a ler”, “ foi publicado recentemente”, e o mesmo jogo de pés ou melhor de pernas baralhava a estabilidade da imagem, dando vontade de parar o televisor, de segurar este homem pelas orelhas. “E não o chateio mais” – a verdade pela boca das crianças… - “tenho que ir a uma consulta por causa de uma pubalgia”, “eles não sabem muito bem a que se deve”. Rodando o facto de uma pubalgia não ter direito ao mistério, saltava à vista que estando o osso púbico ali no meio entre as partes direita e esquerda de um corpo que se dessincronizava perpetuamente nuns como que pulos, como não estar doente da charneira, ter essa famosa dor dos futebolistas “e eu que sou um fanático do exercício físico”, pois, “e um bom ano com saudinha”.
Jovem, e a tua vida sexual, sofre com essa tua pubalgia?

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sábado, janeiro 17, 2009

Os Passos Em Volta

Por razões várias estacionei estes últimos meses em "Os Passos Em Volta" de Herberto Helder.




"Sou uma pessoa esquisita. Deito-me e ponho-me a fumar e a ouvir discos. Ouço Bach. Gostaria de ter um cravo e tocar. Fumo muito. Faz-me mal. Abro um livro e leio duas ou três páginas. Às vezes trago uma prostituta para casa e tento que ela beba comigo meia garrafa de brandy. Mas não sei conversar, e ela sente-se constrangida, lesada. Então digo qualquer coisa: o teu cabelo, por exemplo. E a rapariga não compreende. Há ocasiões em que as prostitutas imaginam tratar-se de um cumprimento, e sorriem. Sorriso vacilante, que se não sabe se crescerá, apossando-se do rosto todo, da pessoa toda, ou se então será reabsorvido em si mesmo. Estaria porventura no meu poder fazê-lo aumentar até à emoção, à gratidão. Mas fico-me por aí. Acendo mais um cigarro. Ela tenta: o meu cabelo?"

in "Duas Pessoas"


"Alguém pôs-se a cantar na casa ao lado. As pessoas sabem cantar. É admirável. Debaixo da canção, minha mãe recomeçou a bordar. Bordava uma flor imensa em pano cru. Por dentro, eu estava completamente frio. Ou aterrorizado. Sei apenas que sorri para a minha família - dois velhos estúpidos e inocentes - cheio de boa vontade. Minha mãe acreditava muito na sua força materna. Eu sorria, e estava frio, ou angustiado. Então a pêndula deu horas, muitas.
-Voltaste, voltaste.
Que grande aranha, esta mãe velha. As suas patas finas corriam sobre o bordado. Bordaria séculos adiante."

in "Trezentos e Sessenta Graus"

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2007 Disko Partisani


Shantel é um DJ alemão com origem na Bucovina, antiga região do império Austro-Húngaro agora dividida entrea Ucrânia e a Roménia, acho. E a sua música é... uma mistura de tudo o que seja balcânico preparado para a pista de dança. A secção de metais é um primor e embora este disco seja menos eclético do que o mundo Kusturica - é um disco mesmo só para a pista... - é por agora um vício. Ao vivo Shantel e cia deve mesmo ser imperdível.

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É isto... (forwarded)

"Um fazendeiro coleccionava cavalos e só faltava uma determinada raça.
Um dia ele descobriu que o seu vizinho tinha este determinado cavalo.
Assim, ele atazanou seu vizinho até conseguir comprá-lo.·

Um mês depois o cavalo adoeceu, e ele chamou o veterinário:

Bem, seu cavalo está com uma virose, é preciso tomar este medicamento
durante 3 dias, no terceiro dia eu retornarei e caso ele não esteja
melhor, será necessário sacrificá-lo.

Neste momento, o porco escutava toda a conversa.
No dia seguinte deram o medicamento e foram embora.·

O porco se aproximou do cavalo e disse:

- Força amigo! Levanta daí, senão você será sacrificado!

No segundo dia, deram o medicamento e foram embora.

O porco se aproximou do cavalo e disse:

- Vamos lá amigão, levanta senão você vai morrer! Vamos lá, eu te
ajudo a levantar... Upa!

No terceiro dia deram o medicamento e o veterinário disse:

- Infelizmente, vamos ter que sacrificá-lo amanhã, pois a virose pode
contaminar os outros cavalos.

Quando foram embora, o porco se aproximou do cavalo e disse:

- Cara, é agora ou nunca, levanta logo! Coragem! Upa! Upa! Isso,
devagar! Óptimo, vamos, um, dois, três, legal, legal, agora mais
depressa vai... Fantástico! Corre, corre mais! Upa! Upa! Upa!!! Você
venceu, Campeão!

Então, de repente o dono chegou, viu o cavalo correndo no campo e
gritou:

- Milagre! O cavalo melhorou. Isso merece uma festa... Vamos matar o
porco!"

Obrigadinha...

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quarta-feira, janeiro 14, 2009

They Don't Fool Me!


Anda, depois de um golo em fora-de-jogo te ter roubado a liderança do Campeonato leva lá com um golo em fora-de-jogo na tacinha da Liga p'ra ficares calado...

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Eis porque eu acho que


esta campanha está bem fixe...

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Policarpo, Policarpo...

Estou estupefacto. E não é por ter uma cunhada casada e feliz vivendo com um marroquino, verdade seja dita que pouco praticante...

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Lido

Fernando Pessoa decifrador e Italo Calvino desmultiplicado. No sítio do costume.

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segunda-feira, janeiro 12, 2009

"We ask the international community for more time..."


Oh, Israel, Israel, ínvios e difíceis são estes caminhos agora trilhados! E porém a curta memória dos homens esquece que já foste exemplo de país novo e diferente, a juventude viajava para trabalhar nos teus kibbutz, terra ganha em guerra mais ou menos limpa e sangrenta de exército contra exército, assim estava escrito, 48 e depois. O teu sonho perdeu-se, vê como a palavra “colonato” não rima com “kibbutz”, embora se consiga ver no Google Earth, nos Microsoft Maps – são aquelas zonas arrumadinhas e ajardinadas pela Cisjordânia fora…
Sim, Israel eu li – há muitos anos, é certo - o Êxodus de Leon Uris, depois deixei de o ler e de o considerar mas sei que a tua história não começou em 1948 mas muito antes, os judeus não foram transplantados pela Europa para ali, decidiram por eles ir à procura da sua terra e foram indo, comprando, lutando, comerciando, (também roubando, também expulsando, eles que tinham sido expulsos do mundo - crime sob a forma de tentativa) em 1948 já havia centenas de milhares de judeus na Palestina, quase todos de extracção europeia, os sobreviventes, exactamente, de algo que tinha acontecido e para o qual ainda não se decidiu o nome definitivo.
Os anos passaram, os inimigos são agora adolescentes barbados com fisgas ou jovens moças suicidas, são rockets lançados a partir de túneis escavados sob hospitais, ao lado de escolas, em mesquitas. A guerra de 67, chamada dos Seis Dias porque isso durou e não mais, dura há 40 anos, pois o mapa em que naufragamos nela foi desenhado. Entretanto, Israel, cresceste. Foste ganhando judeus e judeus. Onde metê-los, esta nova gente menos secular, crentes tardios num Eretz Israel e num desígnio bíblico que, para os pais da nação era um património cultural único e imperdoável mas não uma ordem divina real. Se o palestiniano é a tua imagem negativa ao espelho e mais não consegue ser – até porque não o deixas existir - tu, novo Israel, és cada vez mais a imagem cada vez menos positiva deste lado do espelho. E cada vez mais só te sentes bem em diálogo com os tais extremistas, partilhando até algum que outro raciocínio. Por isso a tua política já não é o que era, o “trabalhismo”de uma Golda Meir ou de um Rabin, herança paradoxal dos “colonizadores” ingleses, cedeu lugar a um Likud colonizador e perpetuador do pesadelo cisjordano – e invasor do Líbano, donde metastizou Sharon e o actual Kadima, “centrão” de interesses rodeado pelos partidos religiosos dos colonos. Para o mês eleições que serão ganhas por Netanyahu, um Santana Lopes armado. Cada vez mais judeus foste portanto importando de todo o mundo já não como um projecto único de país mas sim pela ameaça demográfica palestiniana, e para alimentar, afinal aí como aqui o interesse de construtores especuladores de novas casas no deserto em condomínio blindado, eis porque tantos governantes teus têm ultimamente tido problemas com a justiça por corrupção. Os palestinianos com menos de 40 anos, portanto a imensa maioria, é como se não sentissem como natural um direito à existência tal a dificuldade que frequentemente sentiram para atravessar uma rua, pegar no emprego, comprar dois litros de leite. Ao fim de quarenta anos acabamos por acreditar no Deus mais incrível no mais extremo das suas promessas, e vestimos o mais improvável dos coletes, nem que seja o último. A culpa do Hamas existir não é da Fatah, é tua. A corrupção da Fatah levaria à criação de outros partidos, de outras correntes, seculares também, e a Palestina sempre teve gente para isso, acredita, a Cisjordânia em tempos que já lá vão era tão secular como Tel Aviv. A faixa de Gaza é uma invenção tua também, com os seus túneis de contrabando por onde passavam armas – e a comida e os medicamentos e as gentes. Aquelas dificuldades que eu refiro acima, frequentes mas não sistemáticas na Cisjordânia fizeram-se perétuas em Gaza. Saíste de Gaza unilateralmente apenas porque perdias mais do que ganhavas em lá ficar, pareceu-te. As terras e a água estão na Cisjordânia, portanto havia que concentrar forças. Gaza tem o nome de Faixa de mas é realmente como uma prisão, a maior prisão que existe no mundo. Tem mil vezes mais presos que Guantanamo, ora pensa. E a democracia dificilmente cresce numa prisão.

Este filme eu já vi, onde se procura vencer a encarnação do mal, o Hamas – e até aqui estamos todos de acordo – com uma ultrapassagem pela “direita”, ainda mais brutal, ainda mais violenta, ainda mais terrífica do que o próprio mal encarnado nos tipos das barbas, os extremistas islâmicos. No fim, quando a poeira assentar, Israel pára, vencedor, desafiante e dirá: “ganhei!” “mas não se esqueçam, o bom continuo a ser eu!” Claro que fica por resolver o que fazer com o milhão de habitantes de Gaza já que pelo andar da carruagem Israel só conseguirá matar 0,2-0,3% deles e ferir até 1-2%. Isto aproximadamente.

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domingo, janeiro 04, 2009

Ele está a rir de quê?


Afinal, para que é que Israel iniciou esta guerra, segundo o New York Times invencível? Só para que o Kadima (ie, Livni, actual ministra dos Negócios Estrangeiros) e os Trabalhistas (ie Barak, actual Ministro da Defesa) ganhem as eleições de Fevereiro?

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