quarta-feira, janeiro 31, 2007

O caso do poder paternal sobre a menina da Sertã


O mundo está cheio de caixas, fechadas como se supõe por inúmeras chaves, mas ao lado das quais sempre espreita uma mulher curiosa, símbolo da nossa sempre vontade de espreitar e ver como seria se as coisas fossem diferentes do que devem ser...

Pandora está também à espreita neste caso da Sertã. Sugiro a leitura atenta do acórdão do Conselho Superior de Magistratura, para perceber que a história não começou ontem mas sim há5 anos, quando a criança nasceu. E que foram, são e sempre serão adultos a decidir do melhor interesse desta criança. Neste caso um casal que há mais de 3 anos se nega a cumprir ordens judiciais, pois sabe que o tempo corre a seu favor. Luis é sargento e casado, Baltazar carpinteiro-serralheiro desempregado e vive com. Baltazar é o pai. Luis não.
Cuidado com as lentes de aumentar, com as lentes de diminuir, para bem observar este caso. As crianças não devem estar - claro - com os pais que são maus. Este pai nunca chegou a ser pai. Há 4 anos que não o deixam ser. Nem bom nem mau. O bem desta criança está mal traçado desde longe. O seu começo não foi feliz, pois o seu aparecimento foi, chamemos-lhe, fortuito. Meses depois, alguém começou a decidir por ela um destino. Abusivamente. Às crianças não se aplica a lógica do usucapião. Ou sim? O casal que tanto se preocupa com o seu futuro tem-na agora como uma fugitiva da lei. Não deveria aos 5 anos estar num qualquer pré-escolar a conviver com outras crianças da mesma idade em vez de casas e casas de persianas corridas?

Vejo aqui mais uma razão para ir esperar a minha filha todos os dias à porta da escola.

Etiquetas:

2006 So This Is Goodbye




Imaginem um disco dos Depeche Mode... mas não tão negro. E não feito para os estádios. E mais inteligente, mais refinado, onde os temas têm mais tempo para crescer, e outras influências, Kraftwerk , OMD, vão aparecendo.


Imaginem tudo isso feito e executado por um duo de moços canadianos, e em 2006. Pois já está: eis os Junior Boys no seu 2º disco. E o revivalismo que melhora o modelo é portanto sempre bem vindo.

Etiquetas:

2006 Micah P Hinson and The Opera Circuit


Neste ano de 2006 o disco que melhor se aproxima das polifonias de Sufjan Stevens é este. Americano, claro, rapaz maravilha de Abilene, Texas, este é o seu 2º disco (há um 3º de "early works"). Folk-music, claro, estamos em 2006, mas os banjos e a orquestra e um que outro sopro de jazz dão uma ressonância a canções que aqui e ali despidas roçariam a idiosincrasia. It's mighty original, guys! And it's good music!

Etiquetas:

2006 The Greatest


Cat Power é Chan Marshall e uns amigos. Que editam discos desde 95. E porque não ouvi falar deles/dela antes? Não sei. Sei sim que esta americana é uma grande intérprete e (pelo menos aqui) uma excelente compositora, que a sua música, na leva (mas anterior a) deste folk que agora nos rodeia tem bocados de soul, algumas vestimentas de country, e cheira a bares por todos os cantos, e é - como o título - muito grande. Não precisa de bicos de pés para se ouvir, basta-lhe então meter a sua voz, um nadinha raspada e grave quanto baste, e cantar as suas canções, encorpadas, adultas, sedutoras. Comigo - já está.

Etiquetas:

15-0

"Mas afinal o que é um "Técnico de Emergência Médica"? Um gajo que conserta desfibrilhadores? E "Cuidados Intermédios de Vida"? Entre os 30 e os 50 anos?"

Etiquetas: ,

sábado, janeiro 27, 2007

2006 White Bread Black Beer


Green Gartside, nome artístico de um rapaz de Cardiff nascido já no longínquo ano de 1955, começou nas andanças musicais na esquerda punk de Camden, perto duns Young Marble Giants, por ex. Porém, como muito outra boa gente, cedo emigrou para outros sons, como aliás a sua voz recomendava. Em 1981 uma cassette esquecida que passou na rádio revelou um tema "The Sweetest Girl" que, anos depois surgia no LP "Songs to Remember"e o grupo chamava-se Scritti Politti. Soul, funk, reggae, dub, pos-punk, o rapaz disparava em todas as direcções, tal a explosão de ideias. 3 anos depois de cantar punk intelectual pelos palcos do norte de Londres, Green cantava soul puro em "Faithless", outro tema-chave do disco.
Outros três anos depois, "Cupid and Psyche 85" era Green rendido ao som novaiorquino das pistas de dança. "WoodBeez", "Absolute" e músicos do outro lado do Atlântico (eg. Fred Maher ex-Material) compunham o ramalhete. E quem não dançou estas coisas? Aqui o som já era só um, o objectivo mais definido, a voz juvenil a unir as peças. Em 1988 "Provision" foi mais do mesmo. Com Miles Davis a dar uma perninha no trompete, o som era demasiado igual, e já tinham passado 3 anos. Não havia novidades. E Green desapareceu de boca de cena.
Em 1999 voltou com "Anomie Bonhomie". À questão de como voltar, Green resolveu esconder-se durante parte do disco por trás de alguns hip-hopers como Mos Def, e fazer deslizar a sua voz pelo meio, discretamente, para recuperar o groove, e fazer voltar a boa estrela. Disco híbrido, com 3 ou 4 escusados "fillers", tem também 3 ou 4 óptimas canções, as mesmas vocalizações imperdíveis, e serviu como criação de expectativas. Aliás, nós sabíamos que Green era um bom compositor de canções.
E 2006 foi o ano ideal para Green Gartside fazer reviver os Scritti Politti como Dios manda. Disco feito em casa com acrescentos de amigos, é basicamente um pop melancólico e bonito, com a voz do cinquentagenário a parecer ter 14 anos, produção escassa e discreta, elegância supina, nostalgia e boas canções. Cai muito bem. Se queriam música genial é favor viajar até 82. Nestes dias de vacas magras, terá sido dos melhores discos do ano passado. As (muito ocasionais)passagens Garfunkel-like serão apenas um "fait-divers"...

Etiquetas:

sexta-feira, janeiro 26, 2007

22, 23, 24, 25/J

Eu com as pessoas
Entristecia.
Pequena margem
Me era dada.

$$

Esta caneta aborrece.
Não escreve o que devia.
Por milagre de almotolia
O teu nome devia sair
Ridente pelo aparo
Mas não sai.
Esta caneta esquece.
É quase dia.


Vence.

$$

Dos amigos todo este tempo
Eu falo.
Santo e senha
o seu nome.
Sinal, o lembrá-los, sinal.

Posso respirar.

$$

(O que realmente Paulo escreveu aos Coríntios)

E caí de um
Cavalo muito
Alto e sua
Cabeça era
Como uma
Lâmpada que
Em mil estilhaços se
Propagou e fez
Luz .

Fiquei sem o meu
Melhor cavalo.

Etiquetas:

domingo, janeiro 21, 2007

19, 20, 21/J

Espero nada.
Uma lua que não se vê
Ilumina a estrada.

Deitado sou picado por
Um milhão de estrelas.

Espero um pouco:
E disparo.

Respondo.

$$

Eles tentam defender-se com os livros
Mas as balas com um diâmetro aí de
Meia sílaba marcam o seu trajecto
No texto até atingirem o mesmo

Coração dos copistas.

$$

Se molhares um livro
Podes alterar-lhe o signo.

E se depois o secares ao sol
É até possível que,

Extasiado, ele
Perca a fé.

Etiquetas:

Alentejo 1 VMER 1

Etiquetas:

quarta-feira, janeiro 17, 2007

O abortamento (cujo produto final é o aborto...)


A poucos dias do referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez, lembro-me de textos de Pier Paolo Pasolini coligidos a posteriori nos "Escritos Corsários" onde ele dizia ser obviamente a favor do aborto, mas que tinha pena disso, e que lhe arrepiava que a vitória da lei liberalizadora do abortamento em Itália tivesse sido comemorada pelos seus amigos de esquerda como de uma festa se tratasse. Não consigo agora citar o escrito, mas julgo que o espírito era este.
Faço meu portanto o espírito de Pasolini. Irei votar a favor no referendo em causa. Parece-me ser uma lei equilibrada. Mas não aceito manifestações, festas, beberetes, pancadinhas nas costas, flores e gritos de júbilo à volta deste tema. O abortamento é a medida de uma imperfeição. E é a possibilidade da escolha de um mal que em determinado momento se entenderá ser, no meio de todo o sofrimento, um mal menor. Acredito que poucas vezes será um gesto de egoísmo, e muito raramente uma terrível alegria. Já não vivemos os tempos antigos do abortamento como método contraceptivo. Uma gravidez indesejada, uma paternidade e uma maternidade não assumidas convenientemente, forçadas pela força das circunstâncias levam a mais perturbações mentais em todos os elementos envolvidos do que o inverso. E físicas. E frequentemente medico-legais. Pena estarmos numa sociedade que desistiu de melhorar.
Mas nunca este referendo me alegrará. E a campanha que está a acontecer é imunda. Como o cartaz ao lado, que julgo ser de induzir cadeia. Claro que se fôsse para levar o cartaz como uma pergunta a sério a minha resposta seria em dura coerência com o atrás dito... SIM!

Etiquetas: ,

2006 He Poos Clouds


"Ele faz cocó de nuvens": eis a tradução inexacta do título deste disco. E assim se resume a atitude de talvez um dos discos de 2006, editado pelos canadianos Final Fantasy.
Owen Pallett é o violinista de suporte dos também canadianos Arcade Fire, coqueluche - lembram-se - de 2004. E ele é os Final Fantasy. Já com algum trabalho a solo e antecedentes de trabalho na Orquestra Barroca de Toronto, aparece aqui de repente com um disco de menos de 40' onde se mistura a pop, a folk, o classicismo e a desbunda surreal mais completa.
É um disco para um mundo paralelo, encharcado de nonsense lírico, mas visceralmente pop. A partir do momento que entra não nos sai da cabeça. Pianos, violinos, percussões, falsettos. Estamos nós a gozar com ele. "This Lamb sell Condos". "If I Were A Carp". Und so weiter.

Etiquetas:

terça-feira, janeiro 16, 2007

Humilde

Um amigo meu, que é médico, ainda ontem me dizia que continua apesar de tudo a achar ter muita sorte em ser médico. Rapidamente me explicou o porquê do repetido diagnóstico.
Ele já me tinha contado um dia de uma doente, quase invisual, a quem tinha diagnosticado um cancro do estômago, e cujo filho a tinha vindo visitar da Dinamarca onde vive, sendo ele tradutor de livros, e pessoa de assaz curioso porte.
A doente está felizmente bem. Em consulta recente terá o meu amigo comentado à sua doente que o filho dela lhe lembrava o poeta António Osório.
A doente respondeu: “Compreendo, embora nunca tivesse pensado nisso, sabe, eu conheço os dois...” Diz o meu amigo que ser médico faz-lhe sentir-se humilde.

Etiquetas: ,

2006 Silent Shout


Os Knife são um duo sueco de música e fizeram com “Silent Shout” um dos discos de 2006. O tema-título levanta um quase falso testemunho ao ser uma réplica cuidadosa Underworld de pôr os cabelos em pé, mas depois outras referências aparecem: para além dos já citados Underworld, uma certa atitude Bjork, um certo som OMD dos 1ºs anos, e até imagine-se Jean Michel Jarre – Magnetic Fields! Podem muito bem negá-las e de certeza outros nomes mais recentes e mais à margem serão citados, eu é que não posso negar os ecos que ouvi. E lembrar quanto a margem é não verdadeira.
Hoje por hoje os electrónicos usam a memória de elefante que adquiriram via anos de fascínio pela muita música digerida para fazer discos onde se salta de citação em citação – ou colagem, ou década, sem uma estabilidade, ou um projecto que se adivinhe próprio. Não os Knife. O disco tem um som muito próprio, nórdico, com um humor electrónico retorcido, um lirismo de sol da meia noite, de rave inacabável pois o sol não vai embora. Os Knife são mesmo muito bons.

Etiquetas:

Jogo


“Eu sei, não nos temos visto muito ultimamente!” E com isto fechou-me o computador. “Por isso, não jogues mais!” Tinha a voz distanciada, os olhos, a boca, em que mais coisas consistia mesmo o jogo? “Não jogues mais, vá lá...” “Espera, deixa pelo menos fazer um save!” Campo irregular é este e cheio de armadilhas, jamais a vitória tinha acariciado o marcador, electrónico. Saímos para os balneários. Abrimos a água quente, esperámos, depois rotação de 15 graus a estibordo, a água fria. Esperámos. Em que mais consistia este jogo? Aproximar olhos, a boca, não dizer nada, não gastar nenhuma palavra, das que circulam pelos livros de maior tiragem, ou das que são nossas. “Ainda bem que fiz um save!” “Meu, és mesmo romântico...”

Etiquetas: ,

domingo, janeiro 14, 2007

La Suggia


Assim se chama o quadro pintado por Augustus John entre 1920 e 1923. Nunca uma violoncelista foi melhor pintada. O que Suggia representou para o mundo do violoncelo e da interpretação musical durante três décadas está aqui. Este quadro está em exposição permanente na Tate Gallery.

Etiquetas:

2006 Modern Times


Presença obrigatória na lista dos melhores discos de 2006, o último opus de Bob Dylan era completamente dispensável. Como provavelmente tudo o que andou a publicar nos últimos 25 anos.
E isto porque os discos todos ou quase deste pequeno músico da voz extranha e que é um génio dos anos 60/70 são (quase) todos fundamentais.
Modern Times não tem nem rebeldia nem novidade nem diferença que chegue para nos evitar esta humilhante comparação: velho por velho bem melhor o Johnny Cash produzido por Rick Rubin. Quando já nada se acrescenta, antes o silêncio. Até Brian Wilson já fez discos dispensáveis...
Vá, comprem as coisas antigas dele, que essas sim valem a pena. Ainda por cima ModernTimes de vez em quando soa a Mark Knopfler...
Bom mesmo foi quando ele tocou no Live Aid com o Rick Wood completamente bêbado. Mas isso foi há mais de vinte anos...

Etiquetas:

VPV e Bush

Na sua vinheta de Sexta-feira passada na última págima do Publico, Vasco Pulido Valente acertava em todas as palavras na sua análise da recente intenção de GW Bush em aumentar transitoriamente as tropas americanas "estacionadas" no Iraque. A guerra civil iraquiana é uma inevitabilidade a não ser que os países vizinhos - e só esses - não a queiram. O que implicará que nomeadamente a Arábia Saudita e o Irão tenham governantes com mais bom-senso que o nosso amigo texano. Portanto...

Etiquetas:

Lepe Urbana


Assim se chama a revista mensal da terra andaluza que está para as anedotas espanholas como os alentejanos para as lusas...
Sucede que um destes dias a vereadora de Hacienda - a gaja da tesouraria portanto - resolveu posar para a capa assim:
Vaya vaya...

Etiquetas:

Chistes do outro lado da fronteira

Voltando a uma velha tradição pretendo aqui aproxegar as relações luso-hispanas pela via chistosa.
Aqui vai mais cinco...


1. Dos monjas encargadas de hacer la compra en un convento de clausura salen con el coche del convento y al doblar la esquina se encuentran con la misma pareja de la guardia civil de trafico.
Uno de ellos se desabotona la bragueta y una de las monjas dice: -Vaya hombre, otra vez la prueba del alcohol…



2. El director decide averiguar qué es lo que hace su secretario que sale a la calle sobre las 11 y regresa a la 1 cada día.
Contrata a un detective y a la semana éste le dice:
-Cada día a la misma hora coge su coche, va a su casa, hace el amor con su mujer, se fuma uno de sus puros y vuelve al trabajo
-Ah, menos mal, creía que podía estar haciendo algo malo en ese tiempo
-Me parece que no me ha entendido, le voy a tutear, coge tu coche, va a tu casa...




3. Dos guardias civiles estan en un control de alcoholemia, pero se les ha jodido el aparato asi q dicen: -ya veras, el siguiente se va a cagar... le hacemos preguntas estupidas y nos lo llevamos al calabozo. Total, que llega un coche, le paran... el tio se baja y empiezan con las preguntas:
GC.:usted por la carretera y ve que viene en su direccion dos luces blancas, que es?
Conductor (C).:Respuesta: Un coche
GC.: Pero.... un mercedes, un BMW, un Ford?C.: Como quieren que lo sepa?
GC.: uhi.. va usted muy mal... a ver, otra... y si es una luz?
C.: una moto!
GC.: ya pero una Kawa, una Honda...
C.: y yo que se!
GC.: muy bien, pues vamos a tener que llevarle a comisaria y le vamos a inmovilizar el coche.
C.: Ok, pero antes respondanme a una pregunta... ustedes ven a una mujer con minifalda roja apoyada en la pared en una esquina, que es?
GC.: Pues una puta!!!
C.: ya, pero es tu madre, tu hermana, tu novia....?



4. Un tio llega a un bar y le dice al camarero -oye me pones una cafe a mi otro a ti y otro a tu puta madre. - a lo que el camarero no le hace gracia y le pega dos ostias y lo saca a la calle.
Al dia siguiente llega el tio al bar y le dice - oyeee mira me vas a poner un cafe a mi otro a ti y otro pa tu puta madre - el camarero salta la barra y le da una somanta palos de la virgen.
Otro dia aparece el mismo tio y le dice -oyee camarero a lo que el camarero le dice ojo con lo k vas a decir k te mato - y el tio - ehh cheeeeeeee tranquilo tranquilo, mira me vas a poner un cafe a mi y otro a tu puta madre a ti no te lo pongas que te pones muy nervioso.



5. Va un hombre por la calle y se encuentra a un amigo.
- Hombre Pepe, que tal? - Nada, hombre, muy bien.
- Y la familia? - Pues mira, tirando.
- Y tu mujer? - Tan buena como siempre!
- Y los chavalines? - Uno esta ya en la mili, el otro esta estudiando.
- Y el pequeñin? - Ya hace tres meses que echo a andar.
- Coño, pues estara ya lejos!

Etiquetas:

Belenenses 0 Sporting 0

Curiosa esta mania que o Sporting tem de jogar desde o início das partidas só com dez jogadores...

Etiquetas: