terça-feira, maio 30, 2006

Station to Station 1976 David Bowie


Este disco é o 2º da fase "Thin White Duke" (depois de Young Americans), e é common knowledge que tratou-se de um disco cocaína-base'd. David Bowie nem se lembra muito bem da fase de gravação da coisa. Depois destas canções fugiu para a Europa para fazer "Low" com Eno e Tony Visconti... e limpar a casa.
Station to Station é um disco excepcional de 6 longas canções tipicamente à Bowie, 6, e 5 foram single. Um deles a versão de "Wild is the Wind". A guitarra de Carlos Alomar ressalta.

"...help to shake the scheme of things." É o ele diz por ali algures, não?

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Noite


Riego de Agua, Coruña

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Dia


Riego de Agua, Coruña

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Citibank

Ligaram-me para casa.

Porquê, cabrões?

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Nosso Amiguinho

Hoje fui buscar a minha filha à escola primária para depois a levar ao ballet.
Toda ladina, mal me viu disse-me "Ah, amanhã tenho que levar em cheque ou notas trinta euros para a assinatura de uma revista, que está dentro da mochila". A isto chama-se a "táctica PT Telecom aplicada às escolas primárias"; os 30 € seriam para uma assinatura anual de uma revista comercial que nada tem a ver com a escola, embora pergunte eu - e em Julho, e em Agosto? A conivência do professorado com este "Norteshopping vai à escola" impressiona. E tudo isto da boca da minha filha - nem um papelito, nem um esclarecimento, a ver se "cola".
By the way, na revista, que juntos folheámos, encontrei três anedotas, três, actualíssimas e que aqui vão, antes de a revista ser devidamente devolvida à procedência:

a) "No supermercado:
-Porque é que estás a abrir o pacote de leite?
- Porque a caixa diz: "Abra aqui"."
(em três linhas o velho diálogo entre a compulsão, o risco e a procura do prazer, não sendo discipienda a referência láctea...)

b) "Na aula:
- Toninho, sabes alguma coisa sobre os marinheiros antigos?
- Sei!
- O quê?
- Que já morreram!
(as gerações de hoje como gerações sem memória, o nihilismo e as botas Doc Martens, etc., etc.)

c) "- Porque é que os elefantes são grandes, cinzentos e têm rugas?
- É que se fossem pequenos, brancos e lisos eram aspirinas!"
(os truísmos como forma de ancoragem numa época sem referências ou modelos, a aspirina como panaceia universal, o elefante como metáfora para o facto de que Lobo Antunes jamais será Nobel)

P.s.: a revista até é fixe...

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O alarme que já não toca

Deve ser para mim. Ou... recomeço – deve ser o meu carro. Naaa... Isto é Matosinhos, e o Senhor (a festa) já parou há um bom pedaço. Um alarme lá fora toca há uma hora aproximadamente. Entra pela janela obrigatoriamente aberta. Por efeitos do ar que nos separa ou pelas musicais artes do acaso, o alarme vai modelando variações no seu grito. Às vezes parece que se apressa, outras que quase vai desistir. Uma coisa que a nossa impaciência temerosa não concebe é que um alarme sempre acaba por se calar. É preciso é ter calma, senhores. Por exemplo agora, vejam lá, eu bem dizia - já parou. Ouço sim um rapaz a gritar alguma coisa. Talvez uma muito própria constatação sua: “ foda-se!” ou “foda-se, calou-se o filho da puta do alarme!”. O alarme calou-se e eu tive a paciência suficiente para ouvi-lo e deixar de o ouvir. Humm... agora vou deitar-me.

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sábado, maio 27, 2006

It isn't the legs...

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In Case We Die 2005 Architecture in Helsinki


São de perto de Melboure, Austrália, e são oito. Tocam muitos instrumentos, cantam todos, é uma rebaldaria.
Aliás, assim devia ser um todos os bairros, em todos os condomínios - abertos... - a malta juntar-se tocar umas coisas, fazer um disco...
Só que estes têm mil ideias por minuto, ou parece, e de tudo aparece por aqui, desde Tom Tom Club a Flaming Lips, a Penguin CO, a Kusturica, a John Philip de Souza, a Brian Wilson, etc., etc. Tudo ali tocado e arranjado no garagem do canguru mais próximo...
Não é um disco grande, quase cansa de tanta variedade. E é bem fixe.

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sexta-feira, maio 26, 2006

Devíamos todos fazer assim...

>Suena el teléfono...
- ¿Dígame?
- Buenos días, ¿podría hablar con el titular de la línea?
- Soy yo mismo
- ¿Me dice su nombre por favor?
- Juan Luis
- Señor Juan Luis, le llamo de Telefónica para ofrecerle la promoción de instalar una línea adicional en su casa en donde usted tendrá derecho a...
- Disculpe la interrupción, pero, exactamente ¿ quien es usted?
- Mi nombre es Judith Maciel, de Telefónica y estamos llamando...
- Judith, discúlpeme, pero para nuestra seguridad me gustaría comprobar algunos datos antes de continuar la conversación, ¿le importa?
- ...No tiene problema señor
- ¿Desde que teléfono me llama? En la pantallita del mío solo pone "NUMERO PRIVADO"
- 1004
- ¿Para qué departamento de Telefónica trabaja?
- Telemarketing Activo
- ¿Usted tiene número de trabajadora de Telefónica?
- Señor, me disculpe, pero creo que toda esa información no es necesaria...
- Entonces tendré que colgar porque no tengo la seguridad de hablar con una trabajadora de Telefónica
- Pero yo le puedo garantizar...
- Además, yo siempre estoy obligado a dar mis datos a toda una legión de empleados siempre que llamo a Telefónica para algo.
- Está bien...mi numero es 34591212
- Un momento mientras lo verifico, no se retire Judith.
(Dos minutos)
- Un momento por favor, no se retire Judith
(Cinco minutos)
- ¿Señor?
- Solo un poco más, por favor, nuestros sistemas están lentos hoy.
- Pero...señor...
- Si, Judith, gracias por la espera. ¿Cual era el asunto de su llamada?
- Lo llamo de Telefónica, estamos llamando para ofrecerle nuestra promoción Línea Adicional, en la que usted tiene derecho a una línea adicional. ¿Usted estaría interesado, D. Juan Luis?
- Judith, voy a tener que pasarle con mi mujer, porque es ella quien decide sobre la alteración o adquisición de planes de Telefónica. Por favor, no se retire.
(coloco el auricular del teléfono delante de un altavoz de la cadena de música y pone el CD de Caribe Mix 2004 con el Repeat activado. Sabía que algún día, esa droga de música sería útil. Después de sonar el CD entero, mi mujer atiende el teléfono):
- Disculpe por la espera, gracias...Me puede decir su teléfono pues en la pantallita del mío solo aparece "NUMERO PRIVADO".
- 1004
- ¿Con quien estoy hablando?
- Judith
- ¿Judith que más?
- Judith Maciel (ya demostrando cierta irritación en la voz)
- ¿Cual es su numero de trabajadora de Telefónica?
- 34591212 (mas irritada todavía)
- Gracias por la información ¿en que puedo ayudarla?
- La llamo de Telefónica, estamos llamando para ofrecerle nuestra promoción Línea Adicional, en la que usted tiene derecho a una línea > adicional. ¿La señora estaría interesada?
- Voy a abrir una incidencia y dentro de algunos días entraremos en contacto con usted para darle una decisión, ¿puede anotar el numero de incidencia por favor?...¿hola?, ¿hola?
- TUTUTU TUTUTU TUTUTU TUTUTU...

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quinta-feira, maio 25, 2006

Sen to Chihiro no Kamikakushi


"A Viagem de Chihiro" é um filme de animação japonês para crianças datado de 2001. Pertence aos estúdios Ghibli e o seu realizador chama-se Hayao Miyazaki.
No Japão as suas receitas de bilheteira ultrapassaram o "Titanic". Pelo contrário, no Ocidente este filme acumulou prémios em festivais e elogios da crítica. Os filmes da Ghibli são distribuidos overseas pela Disney...
Efectivamente é uma obra-prima, um filme sem defeitos. Fora do Japão possivelmente já ninguém desenha filmes assim, nem a Disney, depois de "Bambi".
Por outro lado, o facto de o filme ser visualmente luxuriante não impede que tenha uma história viva, bem corrida, e cativante do princípio ao fim. É uma fábula mágica bem à japonesa, com moral e tudo, cheia de peripécias e provações para a pequena Chihiro, cujo trunfo para vencer (e sobreviver) é a persistência e o amor. Como aqueles velhos contos nossos, tem também situações assustadoras, monstros quanto baste, e gente maldosa com vastos poderes. O bem ganha no fim, mas foi por pouco...
Hayao Miyazaki fez antes televisão, e filmes menos importantes. Começou a ser conhecido no Ocidente com a "Princesa Mononoke", e mais recentemente apareceu com "O Castelo Andante". Se rival tem, será japonês e não o conheço. Não há animação computorizada que se lhe compare.
Este filme é duas horas de pura poesia visual.

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segunda-feira, maio 22, 2006

Petit, ou a força tranquila


"Há jogadores que dão mais porrada do que eu" (...um joga no Valdoleiros 1ª D e está preso, o outro na Juventude do Castelo 2ª D e... está preso)

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domingo, maio 21, 2006

Com que voz 1970 Amália Rodrigues


Quem ouve este disco deixa de gostar do fado. Porque este disco obriga a começar vida nova, determina que o remanescente se cale e ouça, ou desapareça.
Esta é talvez a razão para Amália ser o maior mito musical português. O rasgar da voz enorme, os poemas, a música de Alain Oulman.
O fado universal.
"Com que voz chorarei meu triste fado/..."

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Hirsi Ali


Link para artigo do NYT sobre Hirsi Ali, a holandesa ex-somali que agora vai ser ex-holandesa também...

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Are you?

Gay? Um questionário algo estereotipado onde se tiram as teimas. 33% tem alguma lógica...

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Sofa Surfers 2005 Sofa Surfers



Estamos a falar do 4º disco da 2ª dupla de músicos mais famosa de Viena. E que, ao contrário dos Kruder&Dorfmeister, ainda tenta surpreender e inventar.

2005: where do we go from here? O 3º disco - "Encounters" - tinha introduzido vocalizações na música da banda. Neste todas as canções têm voz, a mesma, negra, vibrante, e a deriva para os sons acústicos e o rock é evidente.

Como deixaram de soar a eles próprios, a que soam agora estes tipos? Rock anos 80 alternativo, slow-soul-rock, Massive Attack 2º disco, em algum lado falava-se dos "Living Color", banda de rock negro semi-famosa. The feel-good days are gone. Disco de transição não se sabe para onde, merece o nosso respeitoapesar de alguma monotonia, e a atenção para 4-5 temas de grande qualidade.

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sábado, maio 20, 2006

Eurovision, Turkey, Armenia...


Neste preciso momento a Arménia e a Turquia competem na final da Eurovisão. Em Atenas.
I always prefer a stupid song to a stupid politician. Specially if he's french.

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O Domus - A Coruña


Os museus da ciência aborrecem-me, e o Domus não é excepção.
Visitei-o recentemente em dia de entrada livre, e estava cheio. A ciência ali vendida é-o ao desbarato, e de uma forma superficial. Ali ninguém aprende, e 15' após a porta de saída está tudo esquecido. Passos gigantescos na história do Homem são vírgulas e pontos numa tarde onde se transita entre um café com churros e uma tapa en los vinos.
Ainda por cima a arquitectura gira do exterior não se reproduz lá dentro, é tudo previsível e aborrecido.
Jogamos e aprendemos, sim, mas não aqui. Que desperdício de dinheiro!
Sendo que o best-of era a fotografia com o Australopiteco, embora ninguém lêsse a legenda, que também não acrescentava muito.
Um último detalhe: as ideias fortes em castelhano, as explicações chatas em galego. Eu bem digo...

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Campeões!



A Ovarense Aerosoles é campeã nacional de basket, após bater no play-off final o Ginásio Figueirense por 3-0!

Parabéns, incluidos ao Mário Leite, treinador adjunto, ex-jogador e meu amigo e companheiro da primária!

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LFM a descoberto ou a Nova Gaia como prelúdio e abertura para este lado da coisa...


Esquecendo que hoje abriu o El Corte Inglés de Gaia, esta imagem promocional explicita o destino da famosa mega-rotunda criada em cima do Candal entre-centros comerciais, em Gaia.
Admirável Mundo Novo?
Quase todo aquele verde à volta não existe, é invenção de computador. Na vida real ali são casa antigas, prédios anónimos, armazéns, o campo do Candal F.C.( ou G.D., ou S.C.), um palacete...

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sexta-feira, maio 19, 2006

PCC - 2

"Não, doutor, não é verdade, eu não vou matar o Rui. Eu vou matar você..."

Wikiquote de Marcola, chefe do PCC, 38 anos, trombadinha aos 8, com a 4ª classe tirada, preso por roubo de bancos, leitor de A Arte da Guerra de Sun Tzu e de Dante Alighieri...

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Primeiro Comando da Capital (PCC) - estatutos


1. Lealdade, respeito, e solidariedade acima de tudo ao Partido

2. A Luta pela liberdade, justiça e paz

3. A união da Luta contra as injustiças e a opressão dentro das prisões

4. A contribuição daqueles que estão em Liberdade com os irmãos dentro da prisão através de advogados, dinheiro, ajuda aos familiares e ação de resgate

5. O respeito e a solidariedade a todos os membros do Partido, para que não haja conflitos internos, porque aquele que causar conflito interno dentro do Partido, tentando dividir a irmandade será excluído e repudiado do Partido.

6. Jamais usar o Partido para resolver conflitos pessoais, contra pessoas de fora. Porque o ideal do Partido está acima de conflitos pessoais. Mas o Partido estará sempre Leal e solidário à todos os seus integrantes para que não venham a sofrerem nenhuma desigualdade ou injustiça em conflitos externos.

7. Aquele que estiver em Liberdade "bem estruturado" mas esquecer de contribuir com os irmãos que estão na cadeia, serão condenados à morte sem perdão

8. Os integrantes do Partido tem que dar bom exemplo à serem seguidos e por isso o Partido não admite que haja assalto, estupro e extorsão dentro do Sistema.

9. O partido não admite mentiras, traição, inveja, cobiça, calúnia, egoísmo, interesse pessoal, mas sim: a verdade, a fidelidade, a hombridade, solidariedade e o interesse como ao Bem de todos, porque somos um por todos e todos por um.

10. Todo integrante tem que respeitar a ordem e a disciplina do Partido. Cada um vai receber de acôrdo com aquilo que fez por merecer. A opinião de Todos será ouvida e respeitada, mas a decisão final será dos fundadores do Partido.

11. O Primeiro Comando da Capital PCC fundado no ano de 1993, numa luta descomunal e incansável contra a opressão e as injustiças do Campo de concentração "anexo" à Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, tem como tema absoluto a "Liberdade, a Justiça e Paz".

12. O partido não admite rivalidades internas, disputa do poder na Liderança do Comando, pois cada integrante do Comando sabe a função que lhe compete de acordo com sua capacidade para exercê-la.

13. Temos que permanecer unidos e organizados para evitarmos que ocorra novamente um massacre semelhante ou pior ao ocorrido na Casa de Detenção em 02 de outubro de 1992 (Carandiru), onde 111 presos foram covardemente assassinados, massacre este que jamais será esquecido na consciência da sociedade brasileira. Porque nós do Comando vamos mudar a prática carcerária, desumana, cheia de injustiças, opressão, torturas, massacres nas prisões.

14. A prioridade do Comando no montante é pressionar o Governador do Estado à desativar aquele Campo de Concentração " anexo" à Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, de onde surgiu a semente e as raízes do comando, no meio de tantas lutas inglórias e a tantos sofrimentos atrozes.

15. Partindo do Comando Central da Capital do KG do Estado, as diretrizes de ações organizadas simultâneas em todos os estabelecimentos penais do Estado, numa guerra sem trégua, sem fronteira, até a vitória final.

16. O importante de tudo é que ninguém nos deterá nesta luta porque a semente do Comando se espalhou por todos os Sistemas Penitenciários do estado e conseguimos nos estruturar também do lado de fora, com muitos sacrifícios e muitas perdas irreparáveis, mas nos consolidamos à nível estadual e à médio e longo prazo nos consolidaremos à nível nacional. Em coligação com o Comando Vermelho - CV e PCC iremos revolucionar o país dentro das prisões e nosso braço armado será o Terror "dos Poderosos" opressores e tiranos que usam o Anexo de Taubaté e o Bangú I do Rio de Janeiro como instrumento de vingança da sociedade na fabricação de monstros. Conhecemos nossa força e a força de nossos inimigos Poderosos, mas estamos preparados, unidos e um povo unido jamais será vencido.
LIBERDADE! JUSTIÇA! E PAZ!

O Quartel General do PCC, Primeiro Comando da Capital, em coligação com Comando Vermelho CV

UNIDOS VENCEREMOS

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Manuel de civilité pour les petites filles (à l'usage des maisons d'éducation)

"Au musée:

Ne grimpez pas sur le socle des statues antiques pour vous servir de leurs organes virils. Il ne faut pas toucher aux objets exposés; ni avec la main, ni avec le cul.

Ne crayonnez pas des boucles noires sur le pubis des Vénus nues. Si l'artiste représente la déesse sans poils, c'est que Vénus se rasait la motte.

Ne demandez pas au gardien de salle pourquoi l'Hermaphrodite a des couilles et des tétons. Cette question n'est pas de sa compétence."

Pierre Louÿs (1870-1925)

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Down By Law


Tom Waits, John Lurie e Roberto Benigni. Filme a preto-e-branco, o 2º de Jim Jarmusch, 1986. Eles estão presos, e com a ajuda de Roberto (Benigni), Jack e Zack fogem. Roberto não sabe falar inglês. Jack é um chulo, Zack um DJ. Banda-sonora em colaboração Tom Waits-John Lurie (Lounge Lizards).
Delicioso.

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terça-feira, maio 16, 2006

O enigma de Natália Correia


POESIA: Ó VÉSPERA DO PRODÍGIO IV

Creio nos anjos que andam pelo mundo,
Creio na deusa com olhos de diamantes,
Creio em amores lunares com piano ao fundo,
Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes,

Creio num engenho que falta mais fecundo
De harmonizar as partes dissonantes,
Creio que tudo é étero num segundo,
Creio num céu futuro que houve dantes,

Creio nos deuses de um astral mais puro,
Na flor humilde que se encosta ao muro,
Creio na carne que enfeitiça o além,

Creio no incrível, nas coisas assombrosas,
Na ocupação do mundo pelas rosas,
Creio que o amor tem asas de ouro. Ámen.

NATÁLIA CORREIA, Sonetos Românticos (1990).


Açoriana da Fajã de Baixo, São Miguel, nascida a 1923 e falecida em 1993, ainda sem os 70 feitos, Natália Correia et pour cause ou malgrait elle, dominou a cena intelectual lisboeta durante 30-40 anos. Poesia e prosa e escrita de teatro superlativos, com recursos e ginásticas cuja genuflexão não será bem da minha quinta, tem porém saltos mortais no escrever que subjugam. E assim terá andado Lisboa, subjugada por esta mulher-diva, soberana de sítios e de vozes, afamada em ser lindíssima.
Fraco eu e necrofílico, bem tenho procurado a razão de tal iluminação, atestada em por ex. testemunhos tão insuspeitos como os de Mário Cezariny. Esquecendo questões de índice de massa corporal, os olhos e a boca seriam as lanças de uma permanente guerra que era o não deixar indiferente ninguém. Era essa a função, o órgão, o muro contra o qual. A explicação. Ser um bicho. E não querer ser. E não deixar de ser. Assinatura. Devoção.

Ah, e o poema acima, saído do seu livro de poesias último (creio).

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Totus Tuus



Já está. O Santo Padre já decidiu qual vai ser a selecção de Todos Nós neste mundial da Alemanha 2006. E, claro, estamos-lhe agradecidos pela revelação.

Sendo esta que não é preciso milagre para a Santidade, vidé Ricardo Costa. E que a multiplicação dos pães, vidé assistências por R Quaresma, não serve, não qualifica.

Entende-se, e concordamos, com o espírito de equipa-equipa. A ver vamos. Ou que S. Deco nos acuda.

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Gemini 1997 Sven Van Hees


Já que se dá alvíssaras pela documentação da existência de uma boa alma na Flandres, eis este DJ e produtor de IDM cuja base é... Antuérpia!
Sven Van Hees "veio ao mundo" em 1997 com o ao lado, o mais fresco desse ano, ainda o lounge não tinha cedido. Re-ouvi, e não envelheceu.

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Secret Rhythms 2 2006 Burnt Friedman & Jaki Liebezeit


O 1º é o alemão dos Flanger, um guru hiperactivo da IDM, em ressaca de não saber para onde ir. O 2º é o idoso baterista dos Can, ex-rapaz do free jazz nos anos... 60!
A música é... secreta... e ritmada! Bom, é melhor ouvirem.
Bom disco de música minimalista electrónica alemã, com uma vocalização amenizadora de David Sylvian on track 3.

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segunda-feira, maio 15, 2006

Tabucchi



António Tabucchi escreveu um novo livro ("Tristano Morre") e, portanto, está naquela fase das entrevistas, no caso dele sempre interessantes.

A 22/04 foi a vez do suplemento Mil Folhas do Público. Destaco estas frases:

(sobre a Itália)"Remediar os estragos vai ser difícil. Prodi terá de remar contra a corrente. O problema não é de mera gestão política. É realmente, neste momento, um problema antropológico"

"O nosso mundo actual não me parece pródigo em figuras entusiasmantes"

(sobre Portugal)"...fechar esta nossa conversa com uma frase do Fernando Pessoa, quando ele diz: "Falta por aqui uma grande razão." Acho, efectivamente, que hoje em dia falta por aqui - e por aí - uma grande razão. Teremos de nos contentar com as pequenas razões. (...) Contentemo-nos em que o fósforo não se apague"

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Las Mujeres 2...



1941-1962.

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Las Mujeres...

1945

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domingo, maio 14, 2006

"Ses jours ne sont plus en danger"



Em Antuérpia um rapaz de 18 anos compra uma carabina e mata dois africanos, uma mulher e uma criança de 2 anos, depois de ter ferido gravemente uma mulher belga de origem turca. Tratava-se de um skinhead pertencente a uma família de extrema direita por sua vez aderente com proeminência ao Vlans Block, partido de extrema-direita flamengo.

A expressão acima li-a a propósito da mulher ferida, e a sua frequência nos sites de notícias belgas de língua francesa será uma idiosincrasia local, já que é uma expressão perfeitamente compreensível, mas não usual em França, pelo que eu sei.

Portanto, a Bélgica existe. E para nos fazer pensar, e urgentemente. O Vlans Block capta 25% do eleitorado flamengo. Porquê? Todos os restantes partidos belgas criaram já há anos um "cordão sanitário" de defesa da democracia pelo qual o VB é impedido de entrar em coligações municipais, jogos parlamentares, etc.

25% dos flamengos são maus? Possuem carabina? Odeiam tanto os estrangeiros que os preferiam mortos?

Os nossos cabeças-rapadas, com o proverbial sentido de humor português têm umas t-shirts onde se escreve "A coisa está preta!". Ontem exibiram-nas numa mini-manifestação em Vila de Rei, tipo excursão ao campo, e terminaram a comer uns pregos no café local. As carabinas ficaram em casa. Por agora.

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sexta-feira, maio 12, 2006

GwB


Assim estamos.

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PP's



A vantagem dos deputados portugueses subtipo PP sobre os espanhóis subtipo PP, é que os nossos são muito mais bem educados... e em muito menor número.

A imagem anexa é do congresso espanhol de ontem. 'da-se!

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quinta-feira, maio 11, 2006

Pestana Palace



A Pousada da Ria no Google Earth.

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A França em coma



Um porta-aviões e uma peça de quatro ao fundo.

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quarta-feira, maio 10, 2006

Mary Cheney

Um artigo do Guardian sobre a filha de Dick Cheney.

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Do Iberismo 3

E os estatutos?
Bom, uns serão bons, outros nem por isso, outros surreais.
Mas a política não faz a cultura.
E, por exemplo, aparecer no estatuto andaluz que Andaluzia é uma "realidade nacional" não evita que 98% dos andaluzes digam que a sua única nação é a espanhola e pronto. É isto talvez uma homenagem "póstuma" do PSOE ao andaluz mais ilustre, Sir Felipe Gonzalez, o mesmo que inventou a Andaluzia como nacionalidade "histórica".

Claro que depois de bem bebidos podemos sempre pedir a independência da Ribera del Duero, já que a Rioja, velha província de Castilla-la-Vieja é uma comunidade autónoma e, para não ficar atrás vai também refazer o seu estatuto...

O Estatut catalão força um pouco onde durante muito tempo o catalão se viu forçado por Madrid. Não será surpresa, nem provocará guerra.
Outra coisa é perguntar à Catalunha se ao nível da solidariedade orçamental quer fazer contas com a Espanha mais pobre em Madrid, em Bruxelas, ou nem isso. Esta sim uma conversa fundamental e onde os catalães talvez fiquem mal parados por insolidários.
Es que la pela...

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terça-feira, maio 09, 2006

Do Iberismo 2

E então o iberismo?
O meu iberismo é muito diferente do do Sr. Ministro.
Toda esta fantástica Península Ibérica me interessa. Assim ela se deixe querer. O iberismo que devemos procurar é o das gentes, o das muitas e bonitas línguas, o das culturas, único mosaico multicolor. E onde temos a sorte de as diferenças não serem contrastantes mas sim complementares, pouco mais do que agradáveis nuances...

Politicamente não posso decidir pelos outros. Claro que Lisboa deve dialogar muito com Madrid, mas não subalternamente. E como se consegue de igual para igual? Se dialogarmos também com Barcelona, Valencia, Sevilla, Valladolid, Mérida, Vitoria-Gasteiz, etc., etc., contribuindo subtilmente para realçar esta realidade multicêntrica ibérica, económica também, por muito que doa a Madrid. Assim seremos iguais. Os "iberos" todos. Na grande casa europeia.
Tomemos um exemplo: o dos comboios. O TGV Porto-Coruña interessa a Portugal e... à Galiza. O TGV Lisboa-Huelva interessará a Portugal e à Andaluzia... O TGV Aveiro-Salamanca interessará a Portugal... e a Castilla-León... ou Portugal devia ajudar na construção do corredor de comunicações Transcantábrico (AE mais ferrovia), de forma à passagem por Madrid ser menos "obrigatória"...

O Sr. Ministro foi a Santiago de Compostela falar do Iberismo à antiga, Madrid-cêntrico, como se Portugal não lhe chegasse, deixando os nossos amigos galegos confusos. Fartos de Madrid estão os galegos. Eu acho é que Portugal lhe sobra, é demasiada aventura para a sua mochila Panama Jack. Tenho sempre pena ao ver a ignorância em postos de chefia.

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Do Iberismo

Comentadores portugueses assistem entre o atónito e o confundido à sucessiva discussão e aprovação (ou não) dos estatutos de autonomia da diversas comunidades da Espanha.
Ao mesmo tempo saltou a proverbial indignação quando o ministro Mário Lino foi a Santiago de Compostela declarar-se um "iberista".

Boy, what a mess!
Já escrevi sobre estas coisas algumas vezes mas, correndo o risco de me repetir, aqui vai.

Primeiro: a Península Ibérica é, tem sido, casa para múltiplas histórias, povos, aventuras, com muita mistura, confusão, etc., logo após o colapso visigótico às mãos de Tarik. Tarik não conseguiu entrar em terras dos francos porque foi parado por Carlos Martel, já para lá dos Pirinéus. Navarra, e os embriões de Aragão e Catalunha foram as Marcas defensivas deixadas para cá dos mesmos por campanhas lideradas por Carlos Magno. Navarra aliás, foi durante muito tempo um reino com ligações ao lado de lá dessa grande barreira montanhosa. Neste entretanto, Euskadi (as Vascongadas) existia como singularidade genética (meio real meio inventada) e linguística entre Navarra e uma Castela por nascer. Sabiam que o Castelhano antigo sofreu influências do euskera? Ao mesmo tempo, também de uma forma um bocado mitológica, a resistência autónoma Asturiana (Pelágio, etc) ganhava um espaço que rapidamente progrediu até ao Douro: Leão, Galiza, Cantabria e Castela. Castela como Galiza áreas de crescimento de um reino habitualmente uno, o Leonês.
Segundo: este reino Leonês nasceu polissémico, ou melhor, poliglota: nele falavam-se galego, leonês, castelhano antigo e, na extrema, euskera. Podemos considerar isto uma idiosincrasia de um norte peninsular montanhoso e com difíceis comunicações, mas por exemplo no século XIX a Península Itálica era ainda linguísticamente um mosaico de dialectos e não uma manta uniforme (é ler Pasolini): italiano sim, mas qual deles?

Terceiro: as gentes, e as línguas, cresceram na península com a (re)conquista de norte para sul do território, embora não preenchendo um espaço em branco deixado pelos muçulmanos mas sim abrindo um terreno de mistura progressivamente maior, e eis porque todas as línguas acima em maior ou menor grau adquiriram vocábulos árabes.
No reino Leonês o ducado de Castela e com ele o castelhano foram adquirindo progressivamente maior importância. Antes da invenção da capital Madrid (Madrid tem, julgo, menos de 500 anos de idade...), as cidades do reino mais importantes já eram castelhanas: Burgos e Valladolid. Com o passar dos séculos o castelhano foi ganhando primazia sobre o leonês, até quase o aniquilar. O leonês é hoje um dialecto falado esparsamente aqui e ali em algumas montanhas e aldeias. Em Portugal toma o nome de... Mirandês!
O euskera ficou sempre amarrado aonde estava, muito porque Navarra raramente participou no esforço de conquista.
E o português/Portugal? O português é o prolongamento natural do galego/Galiza. E não é preciso dizer mais. A Galiza, zangada com os seus condados do sul, isolada do grosso do poder castelhano-leonês pela muralha dos Ancares e o atavismo dos seus nobres, foi ficando cada vez mais periférica, e escondida, e assim a sua língua. Portugal pelo contrário, prosseguiu o seu caminho para o sul (logo 4 anos depois da independência ganhava a sua capital Lisboa) e desenhou quase à perfeição nas suas fronteiras esta história de tiras de língua/gente, norte-sul, desenhadas ao longo de uma Península/"subcontinente".

Quarto: e o que tem o catalão de tão especial? As Vascongadas e a Catalunha são as partes de Espanha mais anexas à Europa/França. Desde sempre buscaram e conseguiram um grau de diferenciação e desenvolvimento económico superior ao resto da Península. Isto aplica-se sobretudo à Catalunha. Quem houve falar do antigo reino de Aragão não sabe que os seus reis foram quase sempre os condes de Barcelona. Aragão cujo espaço completo compreendia a actual Comunidade Valenciana e as Baleares, zonas hoje catalano-falantes. País com uma lógica mediterrânica, possuindo durante séculos Nápoles e a Sicília, potência maior do Mediterâneo Ocidental. Os Reis Católicos mais não fizeram do que unir dois eixos divergentes, Valladolid-Sevilla, com Barcelona-Valencia, e assim criar de dois países um, apertando no caminho a tenaz e conquistando Granada. Três em um, portanto. Quatro em um entre 1580 e 1640.
O catalão representa a dinâmica de um povo, podemos chamar assim, peninsular que entre outras coisas criou de raíz a cidade economicamente mais dinâmica do quadrilátero, Barcelona. E culturalmente nem se fala: Gaudi foi uma vez preso por, julgo eu, falar catalão em público...

Quinto: Espanha, nação de nações. Frase que se tornou famosa pouco depois da transição. E que levanta questões tanto de auto-consciência e reconhecimento das gentes, e por outro lado puramente etimológicas: o que é uma nação?
A questão linguística é uma forma grosseira de aferir as fronteiras nacionais: Bélgica? Suiça? É pena que o grosso dos portugueses desconheça (e muitos dos seu jornalistas pseudo-peritos idem) que a promoção do galego na Galiza não é um mero "gesto simbólico" mas sim a reparação de uma "doença" de séculos, e o aggiornamento da nossa língua-mãe. O galego é falado por toda a Galiza rural e muita da urbana. Seria uma longuíssima história explicitar porque não se fala ainda mais galego na Galiza.

Que nações há hoje então nesta nossa Península? Aquelas que se decidem reconhecer como tal... o que digamos até é democrático! Catalunha, Euskadi, Galiza, provavelmente Navarra/Nafarroa, Portugal e... Espanha! Uma Espanha que nasceu como associação de nações (Leão e Castela, Aragão e Granada) que pode ser inclusiva hoje de outras nações, na exacta medida que hoje as fronteiras interessam cada vez menos, e a multiculturalidade cada vez mais... Ou não...

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quarta-feira, maio 03, 2006

Uma mini

Volto a 8.

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3 a 10 anos

Como a minha esposa amantíssima só conseguiu 64 pontos não poderá emigrar para o Canadá (legalmente). Línguas estrangeiras não são o seu forte...
De qualquer modo, estabelecido eu no Canadá poderei pedir a sua entrada no país, garantindo a sua subsistência e que para ela jamais será pedido apoio à Assistência Social local num período de 3 a 10 anos. Justo...

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terça-feira, maio 02, 2006

Emigrar legalmente para o Canadá...

Na sequência de alguma deriva na net cheguei a um post de uma empresa de advogados especializados em imigração no Canadá, e daí ao formulário que todos os candidatos a skilled worker wishing to be a permanent resident in Canada têm que preencher. O formulário tem uma pontuação até 100, e para se passar deve-se obter 67 pontos. Consegui 68! Vou já fazer as malas.
"Here is the breakdown of your total score:
Factor / MaximumPoints / YourScore
1.Education /25 / 22
2.Language Ability / 24 / 11
3.Work Experience / 21 / 21
4.Age / 10 / 10
5. Arranged Employment / 10 / 0
6. Adaptability / 10 / 4
Total Score / 100 / 68"

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"Illegal Alliens"

Por acaso linkei um site fascista da nossa velha europa a comentar a deportação recente de portugueses do Canadá... o site chama-se majorityrights... e a situação dos nossos compatriotas é tratada com compreensão e carinho... de europeu para europeu...

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Aí vem Sarkozy...


Os 6601 portugueses são subtipo argelino-like ou subtipo britânico-like?
Isto de sermos um país emigrante/imigrado...

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segunda-feira, maio 01, 2006

Henrique Pousão no MNSR



A casa das persianas azuis, 1883 (?), MN Soares dos Reis

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Este gajo da selecção francesa ao menos não era preto...


Le magicien s'en va...

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Penelope



Vamos dar-lhe uma mãozinha?

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Marisa Monte em acção


É com as mãos...

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E hoje...


Portanto, nesta imagem é séc. XIX a cúpula arredondada, os dois torreões à esquerda e tudo que fica para a esquerda destes, bem como o vazio que separa os mesmos torreões do corpo da igreja, parede poente do coro alto, onde se localizava o tal acrescento maneirista com a Sala dos Reis...

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Os Jerónimos "verdadeiros"


Não são muitas as pessoas a saber que o mosteiro dos Jerónimos que hoje se aprecia a olhar para o Tejo em frente à praça do Império é tanto uma obra do séc. XVI como do séc. XIX.
Sempre que me desloco a Lisboa, eg. a congresso, como aconteceu neste fim-de-semana, os Jerónimos são excursão obrigatória. E que nunca é completamente agraciada com o desejado - disfrutar da igreja e do claustro com o menor nº de pessoas possível.
Efectivamente o "único" dos Jerónimos pode-se decompor em 4 coisas, 4 poemas em pedra, sendo 2 deles maravilhas da arquitectura portuguesa e europeia e poemas do desenho e do espaço, onde os elementos se transformam e a obra feita é perfeita. Falo dos dois portais, sul e poente, e da igreja-salão e do claustro.
Porém, a maior parte dos portugueses tem dos Jerónimos a ideia cenográfica daquela uniforme e harmónica extensão de pedra clara, mais de trezentos metros, a prolongar a igreja onde sobressai o portal sul os corpos maciços e discretos das capelas laterais, os dois torreões de transição a rematar a boca da igreja, e a cúpula arredondada a fechar a torre sineira. Toda a extensão para poente, espaço para dois museus, foi completamente refeita no séc. XIX. Já existia antes, e seria assim comprida, mas possivelmente com uma traça algo mais humilde. Os dois torreões de transição não existiam, a torre sineira era rematada por um telhado piramidal, bem menos artístico do que o actual.
Por outro lado, o vão que se sobrepõe à cobertura de transição da porta poente - a porta principal - foi criado no séc. XIX, ao dar ao coro alto uma luz que ele perdera no final já do séc. XVI: sobre esse vão ficava um acrescento maneirista onde estava uma grande Sala dos Reis. No séc. XIX este grande acrescento maneirista, similar em estilo ao altar-mor, foi derrubado, ao se decidir que os Jerónimos deveriam ter uma unidade de estilo "original". Considerou-se no séc. XIX, dentro dos gostos revivalistas e do nacionalismo da época, que os Jerónimos eram uma obra inacabada, e que precisava de um acabamento digno e "heróico".
É impossível retrospectivamente ajuizar do bom ou do mau que se fez. Criou-se portanto um "monumento sobre o monumento", de que talvez a expressão mais feliz seja a cúpula arredondada, que porém qualquer leigo em arquitectura compreenderá ser um pastiche, e a expressão mais desastrada os torreões esguios por ali semeados e a destruição da Sala dos Reis, marca que seria do compósito da arquitectura ali feita em menos de um século, e que se destruiu porque cenograficamente não resultava "bonito"...
Claro que com os Jerónimos verdadeiros a praça do Império seria menos Império... mas as 4 jóias da coroa que eu referi marcariam na mesma a sua presença, e a verdadeira praça estaria nas nossas costas, a saber - o rio Tejo, o mar Oceano...
Como curiosidade veja-se também como estava o claustro antes da sua recuperação...
Os Jerónimos, foram ocupados literalmente pelos franceses de Junot no início do séc. XIX - que saquearam o que puderam. Depois foram hospital militar dos ingleses, que destruiram bastante da coisa. Em 1833 as ordens religiosas foram extinguidas e o edifício ficou ao abandono. Anos depois abrigou - em muito más condições - a Casa Pia de Lisboa, até que nos anos 60 do séc. XIX começou a ser encarada a sua recuperação como uma causa nacional, e que só terminou no início do séc. XX...

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